Cadernos de dispositivos de cinema na Educação Infantil. Projeto “Lugar-escola e cinema: afetos e metamorfoses mútuas”. Campinas, SP: Secretaria Municipal de Educação; Programa Cinema e Educação, 2022. https://educa.campinas.sp.gov.br/sites/educa.campinas.sp.gov.br/files/2022-05/EBOOK_Cadernos%20de%20dispositivos%20de%20cinema%20na%20EI_Folhas%20Individuais.pdf
"Ana Maria Hoepers Preve y Giovana Scareli
Departamento de Geografia, Centro de Ciências Humanas e da Educação, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil.
Giovana Scareli
Departamento de Ciências da Educação, Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil.
Recibido: 11 de abril de 2023. Aceptado: 13 de abril de 2023.
Do começo ao fim, seja nas imagens, nos textos, nas vivências, nos dispositivos, nos devaneios, nas potencialidades, o que marca o “Cadernos de dispositivos de cinema na educação infantil” é a invenção. A invenção marca, sobretudo, mas não só, o momento em que os dispositivos acontecem. Cada dispositivo se mistura com os envolvidos. Nessas misturas, que são os encontros, eles acontecem. No acontecer, a inventividade flui como peixe num rio.
O inventivo está por toda parte: nos movimentos de filmagens, na disponibilidade para jogar com os dispositivos, no material, no movimento que as crianças fazem no encontro com as proposições, nas reflexões livres e vinculadas das professoras sobre o que propor, quando propor e como propor os dispositivos. As vivências, que originam tais dispositivos, resultam da atenção das professoras aos seus fazeres.
Por esse motivo, os dispositivos – essas séries de limites para o modo de filmar, de olhar, de montar, de exibir os filmes – são aberturas para o que não se sabe. Poderíamos dizer que tais dispositivos, pensados um a um pelo conjunto de participantes, são o começo de um trabalho com cinema e educação para um cinema que não se sabe: o cinema de invenção feito com crianças pequenas em duas escolas da rede pública de Campinas/SP.
A cada vez que alguém se dispuser a usar os dispositivos apresentados neste “Cadernos”, entrará em contato com alguma possibilidade de invenção, cujo resultado é da ordem do que não se sabe. Esse é o princípio do trabalho com os dispositivos que se encontram do começa ao fim do e-book. Longe de ser um experimento controlado pelo seu passo a passo, o manejo dos dispositivos é a abertura sem controle para uma novidade, uma surpresa, um acontecimento.
O “Cadernos” também é um convite para as sensações. A capa preta com uma criança vestindo uma roupa vermelha e empunhando uma câmera filmadora desperta o desejo de abrir o livro, de ver o que mais tem ali: outras imagens? O que mais ele diz? Ainda na capa, a informação de que este livro é resultado do Projeto “Lugar-escola e cinema: afetos e metamorfoses mútuas” provoca ainda mais a conhecer o material. Afinal, que projeto é este? Dados sobre a realização do Projeto em cineclubes, em escolas de educação infantil, na Secretaria Municipal de Educação e no Laboratório de Estudos Audiovisuais-OLHO, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nos dão a ver um certo mapa dos percursos, dos encontros e dos acontecimentos. Com isso, cria um território, que é viabilizado por um importante apoio de uma agência pública de amparo à pesquisa (Fapesp) e de um programa, chamado “Cinema e Educação”, da Prefeitura Municipal de Campinas/SP.
A autoria coletiva (com nove autores) marca um modo de fazer – o fazer junto, em coletivo; quase um bando, uma matilha afinada em torno de uma proposta. Somada a essa autoria, há ainda a menção aos pesquisadores, conhecidos da área de cinema e educação pela leitura crítica dos textos. Essas informações, geralmente apresentadas em letras menores, nas páginas iniciais, nem sempre são lidas e elas nos dizem muito de um trabalho.
Há, no material, a publicação de escritas, imagens, fragmentos, que dizem de um processo que vai além da pesquisa, que tem no seu fazer muitas pessoas envolvidas, muitos lugares, financiamento, confiança, respeito, mérito, amizade, vontade de fazer e estar junto e o desejo de mostrar ao mundo esta experiência, que atravessou as vidas de quem se envolveu diretamente ou esteve próximo ao desenvolvimento do projeto nos lugares onde ele aconteceu.
O projeto gráfico e a diagramação feitos pela design Fernanda C. Martins Pestana enriqueceram ainda mais o material. A utilização do espaço (de cada página do e-book) com fotografias e com palavras não é simplesmente colocar uma coisa junto da outra. Há, também, no trabalho da Fernanda (a design), um pensamento, uma experiência, que a atravessa pelo contato com este material e que, sensivelmente, se apresenta para nós no trabalho feito com as fotografias (seus recortes, filtros, disposição, cores, degradês, misturas), as fontes, as cores, os tamanhos e as proporções, as caixas de textos, que nos mostram que também há uma linguagem (a do design gráfico) a somar com a linguagem escrita e visual do material – o que dialoga muito bem com o fazer cinema, que reúne várias artes para criar/inventar algo novo, tema deste e-book.
Seguimos as páginas iniciais e logo aparece uma carta para a leitora e para o leitor apresentando a obra e suas inspirações: o “Cadernos do Inventar com a Diferença”, do Kumã-Laboratório de pesquisa e experimentação em imagem e som, e o e-book “Dispositivos de criação audiovisual: propostas para a sala de aula”, do Semente Cinematográfica. Esses materiais possuem a mesma pegada: pensar, criar, inventar dispositivos para serem experimentados nas escolas e recriados por elas. Experimentação e criação, que contam das maneiras e dos modos de fazer cinema com crianças. Propostas de exercícios, que requerem atenção, sem perder de vista a ludicidade e a brincadeira que está presente nos grupos; neste caso, da educação infantil. Uma carta carinhosa, que se despede com um abraço, como, em geral, as crianças se despedem dos adultos que convivem com elas, e com os estagiários e pesquisadores de diferentes projetos. Uma carta, que dá o tom ao material, que tem nos dispositivos seu modo de fazer.
Os dispositivos aqui propostos e aqui pensados indicam uma disposição como proposição. Por isso, são, antes, “atos precários, provisórios e contextuais” (p. 9) e não servem a modelos. O convite presente na carta diz: “experimente estes dispositivos que inventamos, mas, sobretudo, preste atenção ao lugar em que atua, ao cotidiano que vivencia e invente dispositivos na escola e para a escola [e a infância] que está em seu entorno”. (pp. 9-10)
O aviso: “tudo pode vir a ser cinema”. E o encontro com câmeras, chão, crianças, pneus, plantas, balanços, parques, paredes, céu, microfones, comidas, bicicleta, telefones celulares, gritos, abraços, mãos, animais, ideias, professores, colegas de sala e de profissão, sons, gira-gira, violão, barco, cabelos, tombos, choros... tudo isso ou algo disso no encontro com a proposta do dispositivo pode vir a ser cinema. Bonita ideia de cinema com crianças, bonito modo de fazer, que arrasta professores, crianças, famílias, escola e cinema para o não pensado do cinema. Eis a ideia potente no “Cadernos”: um cinema de experiência coletiva. O “Cadernos” é o resultado de um convite feito às crianças e às professoras para inventar cinema. Cinema de criança? Infância de cinema? Talvez, um modo infantil de fazer cinema ou um modo de fazer cinema de infâncias. E o convite segue aberto.
Fotografias e um fragmento de uma carta nos convidam a olhar mais de perto para entender o contexto da realização do projeto. Trata-se de produzir cinema, não vídeo. Trata-se de ver filmes em telas grandes para ter a experiência do cinema, esta “situação social e experiência de mundo, com o mundo” (p. 16); um “cinema para e com crianças” (p. 17) explícito nas imagens das crianças que seguram os celulares. Em outro fragmento, a ideia do “Cadernos” aparece com o objetivo de convidar outros profissionais da educação de crianças pequenas a se aventurarem pelas experimentações com o cinema na escola e a inventarem os seus próprios dispositivos e cinemas. A ideia de montar um preâmbulo contextual com fragmentos é muito interessante. Afinal, o que saberemos de um projeto, da realização de experiências, exercícios etc. se não for por seus fragmentos? Só temos a possibilidade de conhecer pelos fragmentos da mesma forma como só vemos o que está no quadro, o que foi eleito de um universo maior de filmagens das/pelas crianças. E o dispositivo, por sua vez, no contexto desse modo de fazer cinema na Educação Infantil, é o que se inventa enquanto grupo de pesquisa “para lidar com aquilo que está impedido de acontecer devido às contenções/convenções culturais. Por exemplo: produzir dispositivos para que os meninos dancem ou se relacionem com as cores, entre elas a cor rosa” (p. 26).
Os dispositivos servem para afetar, para movimentar o que sem eles, talvez, não se movimentasse na direção das experimentações. Ao afetar, provocam e sugerem ações. Não são exatamente as ações que importam, mas “o quê, do que acontece, que mobiliza.” (p. 28). Pistas que nos ajudam a pensar o quanto esse material que, a princípio pode ser visto como uma cartilha de dispositivos para trabalhar com cinema na escola, é muito mais, é um material para afetar e deslocar do lugar comum o cinema com crianças, o grupo de professoras, de professoras e pesquisadores, o modo de pensar a escola e afetar um modo de trabalhar coletivamente em atenção aos meios onde as pesquisas acontecem: “preste atenção ao lugar em que atua...” (p. 9) (carta ao leitor) e invente o cinema que ainda não existe.
O preâmbulo nos convida a sair do lugar confortável do mesmo e a experimentar outros modos, pensamentos, olhares para o lugar mesmo da escola e seus habitantes. Tudo se desloca a partir das proposições dos dispositivos.
No segundo capítulo, dedicado aos dispositivos, chamados de “modos de funcionamento do cinema”, aparecem os procedimentos, mas também as “forças” (p. 41), que direcionaram a produção das imagens e sons e um certo tipo de percurso educativo. Todos os dispositivos foram criados a partir do relato de uma vivência (ou de uma preocupação) das professoras. A vivência inaugura um conceito pensando neste material, que é a “pedagogia do dispositivo” (p. 43). A atenção no que se passa, no cotidiano, na singularidade de cada escola, nas potencialidades de cada lugar é fundamental para a (re)criação dos dispositivos. Esta tríade vivência, dispositivo e potencialidades é o que vai sendo descrito nos diferentes modos que são apresentados. Modos de fazer, criar, inventar, recriar, reinventar novos dispositivos a partir de novas vivências e potencialidades.
É bonito perceber a variedade de dispositivos arquitetados pelo grupo e, com eles, a variedade de filmes inventados. Sim, são filmes, porque estamos falando de cinema, de sessão de cinema, de tela grande, de exibição e de toda uma atmosfera de exibição, que compõem o projeto na escola. Tudo isso para dar ao cinema ali inventado “o mesmo status que o cinema tem: o de representar e dar visibilidade coletiva para certas parcelas do mundo e o de inventar outros mundos a partir das imagens e sons.” (p. 16)
Dispositivo. Mas, o que seriam os dispositivos no contexto do “Cadernos”? Antes de tudo: um aprendizado para o grupo de envolvidos. Há dois parâmetros principais a considerar: por um lado, “ativar um certo-outro tipo de atenção a um determinado contexto do cotidiano escolar através de um modo específico de filmar, gravar sons e/ou montar imagens” (p. 21); e, por outro, “experimentar a criação de imagens [e sons] que não podemos antecipar como serão, ou seja, com pouco controle dos ‘sujeitos’ que realizam as ações, deixando uma ampla margem de surpresa para o momento em que assistimos o que foi realizado pelas câmeras e gravadores.” (p. 21)
Nossa leitura para a resenha foi atravessada pelos sentidos que o termo dispositivo carrega na obra. E achamos importante acentuar, mais de uma vez, as vezes em que paramos no texto para expressar as variantes do uso e, principalmente, as potencialidades presentes em cada um deles. De vez em quando, no e-book, o grupo de professoras e professores também faz suas demarcações. O que vale frisarmos é que o dispositivo não é um estabilizador e/ou controlador de ações dos professores com as crianças. Ele é a abertura (que porta, em si, um conjunto de limites) para a criação do cinema de criança. Embora tenha seu conjunto de regras, como no exemplo das molduras que estavam espalhadas sobre a mesa da página 27, a transgressão é presente. Há, nessa página, uma proposta sobre a mesa com molduras em madeira para que as crianças ensaiassem formas e ângulos diferentes para a produção de fotografias e filmagens, “quando, mais que depressa, um dos meninos pegou a moldura quadrada e, ao invés de mirar em algum lugar, levou a moldura até sua cabeça, atravessando-a.” (p. 27) O menino transgrediu. Ele mergulhou no quadro. Então, podemos pensar que o dispositivo, todo dispositivo pedagógico, porta uma abertura para a transgressão e para a peripécia. E acolher tais peripécias levou o grupo à seguinte questão: “imagina só, será possível mergulhar dentro das imagens?” (p. 27)
Detalhes como esses expõem o campo de forças com o qual os dispositivos se ligam: eles não são molduras fixas para um modo de fazer, suas linhas indicadas nos passos a serem seguidos se compõem com as crianças... e é aí que a moldura perde os seus contornos enquanto um limite a ser garantido. O dispositivo “de criação de imagem é principalmente uma aposta no cinema, na experiência do cinema, com as imagens e não na experiência dos corpos, mas sim naquilo que os ‘corpos podem experimentar’ para que uma imagem nova venha a existir para mostrar o mundo de outra maneira” (p. 25). Todo dispositivo carrega potencialidades, porque chega como uma vivência que se desdobra em um passo a passo.
São treze modos de funcionamento descritos no “Cadernos”. Há um procedimento comum, ou, talvez, um modo de sistematizar o que aconteceu, que cria uma maneira de trabalho para ser contada, ou, quem sabe, para inspirar outros fazeres. Cria-se, portanto, com esse material, o que poderíamos chamar de uma “Pedagogia dos dispositivos” (Migliorin, 2006), como um conjunto de estudos e de proposições de modos de fazer, que são mobilizadores para a criação das imagens e sons. Modos de fazer, que dizem respeito ao grupo nas vivências, nas reflexões e na proposição dos dispositivos e do momento de colocá-lo em prática. Nessa pedagogia dos dispositivos, os dispositivos são infinitos. Dispositivos, que dizem da atenção ao que se passa. De um cinema em devir. De um cinema, que vai se metamorfoseando ao incluir práticas e experiências da escola de educação infantil.
Para situar um pouco mais o leitor, importa destacar os treze modos de funcionamento desse cinema na educação infantil:
Modo filme de criança
Modo brinquedo de criança
Modo cinema sonoro
Modo investigador de criança
Modo cinema de gênero
Modo cinema com bebês
Modo cinema de objeto
Modo invenção de território
Modo documentário de imersão (ou modo filme de cinema)
Modo cinema de arquivo
Modo rotina reinventada
Modo teatro e literatura e, por último,
Modo cinema que se espraia na escola
Treze modos de fazer como treze caminhos de aprendizagens para o funcionamento do cinema que o grupo inaugura. Cada modo diz de um conjunto de forças e que, de formas variadas, encaminha a escola a produzir um tipo de imagens (e sons) com um certo percurso educativo: inventar uma máquina de filmagem; o brinquedo gira-gira e seus gritos, risos e felicidades; um patinete em três pontos de vista; as câmeras GoPro; experimentar a confusão; celulares dentro de recipientes distintos; propor às famílias que gravem as crianças cantando quando isso acontecer espontaneamente; uma biblioteca de sons; o que as crianças conversam quando estão sozinhas; os rostos; filmar as reações das crianças enquanto se assistem; dobraduras com cores e papéis variados; os papéis cor de rosa; como meninos e meninas conversam dentro de um novo brinquedo?; exibição do filme “As tranças de Samira”; bebês brincando com elementos que voavam e ficavam evidentes com a luz do Sol; posicionar uma câmera parada enquadrando uma casinha, um labirinto; pendurar objetos; prender um celular no meio de um pneu; pneus, crianças e folhas; acoplar a câmera a uma ferramenta de escrita; água em movimento; arquivos de imagens da escola; filmar a troca de sapatos; rostinhos chorosos; sombra e luz; ver o mundo pela janela de um trem; “Eu sou a monstra”, de Hilda Hilst; crianças filmando crianças; vivendo com as orquídeas; um dia de bicho; o espaço como casa.
E imagens de balanços feitos com pneus, formigas, folhas e terra, um pedaço de casca de ovo quebrada sobre a terra; ângulos da casca de ovo e tons de azul e azul... ponto final. Assim termina o e-book.
Um modo de fazer cinema com crianças no “Cineclube Regente/Cha”, um fazer cinema que aconteceu no chão de duas escolas públicas de educação básica da Prefeitura Municipal de Campinas, no estado de São Paulo, Brasil. Uma delas chamada “Regente Feijó” e a outra “Cha II Sun”. Um modo de entrelaçar a universidade pública (Olho/FE/Unicamp) com as escolas públicas, com um programa da Prefeitura Municipal de Campinas, financiados por uma fundação de amparo a pesquisa (Fapesp). Modos de democratizar o cinema e um fazer cinema na rede pública, que demostra além de seu valor experimental e estético, um importante valor social. São filmes produzidos com as condições sociais, financeiras e tecnológicas possíveis na escola pública brasileira. Um desafio? Uma possibilidade que os dispositivos consideram como parte do modo de fazer este cinema na escola. No YouTube, temos acesso aos mais de cem filmes produzidos desde a fundação do Cineclube. Para compor-se com esse cinema de criança, é só clicar no Canal do YouTube e no e-book, desprender-se dos modos de fazer cinema que formatam nossa educação visual e explorar os dispositivos aqui apresentados; (re)inventá-los num devir cinema e infâncias ao infinito.
Por último, cabe assinalar a provocação que ‘o modo invenção de território’ apresenta à geografia. As invenções com os dispositivos nos arrastam a pensar com as crianças que o território é feito pelas composições, como observa um dos integrantes do cineclube: “notou que o tanque de areia poderia se tornar um deserto, as crianças poderiam ‘fabricar’ o vento com suas próprias bocas – tanto o movimento como o som. Poderíamos ‘construir’ montanhas e vulcões usando terra, os canteiros da escola poderiam se transformar em uma floresta, inclusive fazendo chuva com uma mangueira” (p.134). São esses detalhes que nos mostram a força da imaginação e do imprevisível do processo de fazer-se do cinema que ressoa no espaço que vemos. O espaço é um dando-se, antes de ser um dado pronto e acabado. O que ele pode é o tanto que as imaginações podem. Aqui temos, nas entrelinhas do texto e do modo de fazer, uma abertura, uma força para pensar o espaço como entrelaçamento de trajetórias múltiplas e de resultados imprevisíveis (MASSEY, 2008, p. 168). É este cinema e sua dose de não saber que nos sinaliza esta compreensão. Portanto, dispositivo é todo um modo de produzir o olhar para podermos rever inclusive conceitos, fazeres escolares, e, por extensão, a geografia. É o espaço podendo ser outra coisa, além do que já vemos.
»Massey, D. (2008). Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
»Migliorin, C. (2006). O dispositivo como estratégia narrativa. Em A. Lemos, M. Barbosa, e C. Berger (Orgs.), Narrativas Midiáticas Contemporâneas (pp. 82-930). Porto Alegre: Meridional.
Ana Maria Hoepers Preve / anamariapreve@gmail.com
Professora no Departamento de Geografia e no Programa de Pós-graduação em Educação, do Centro de Ciências Humanas e da Educação, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Líder do Grupo de Pesquisa Atlas – Geografias, Imagens e Educação e pesquisadora da Rede Internacional de Pesquisas Imagens, Geografias e Educação. Seus temas de investigação se centram nos processos inventivos para a educação ambiental e para a educação em geografia com base na Filosofia da diferença.
Giovana Scareli / gscareli@yahoo.com.br
Professora associada no Departamento de Ciências da Educação e no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Líder do Grupo de Pesquisa em Educação, Filosofia e Imagem (GEFI) da UFSJ. Seus temas de investigação se centram na educação, imagem, literatura, desenho infantil, filosofia e arte-educação.