Um acontecimento que ficou gravado em minha memória”:

traumas, lembranças e esquecimentos nas narrativas dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira



Rodrigo Musto Flores

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil

rodrigomustoflores89@gmail.com



Fecha de recepción: 6/07/2024

Fecha de aceptación: 11/03/2025



Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar um aspecto da participação da FEB na Segunda Guerra Mundial: a transmissão de narrativas frente à natureza traumática dessas experiências. A principal hipótese da análise é de que as narrativas dos veteranos da FEB sobre suas experiências na Segunda Guerra Mundial são marcadas por um profundo desconforto e um desejo de esquecimento, refletindo a complexidade da memória coletiva e individual em relação a experiências traumáticas. Embora essas narrativas frequentemente apresentem elementos de heroísmo e patriotismo, elas também revelam uma tensão entre a necessidade de rememoração e a dificuldade em expressar e comunicar a dor e o trauma da guerra.

Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial, Força Expedicionária Brasileira, Memórias Traumáticas, Veteranos, Reintegração Social



Un acontecimiento que se quedó grabado en mi memoria”:

traumas, recuerdos y olvidos en las narrativas de los pracinhas de la Fuerza Expedicionaria Brasileña



Resumen

El presente artículo tiene como objetivo analizar un aspecto de la participación de la FEB en la Segunda Guerra Mundial: la transmisión de narrativas frente a la naturaleza traumática de estas experiencias. La principal hipótesis del análisis es que las narrativas de los veteranos de la FEB sobre sus experiencias en la Segunda Guerra Mundial están marcadas por un profundo malestar y un deseo de olvido, reflejando la complejidad de la memoria colectiva e individual en relación con experiencias traumáticas. Aunque estas narrativas a menudo presentan elementos de heroísmo y patriotismo, también revelan una tensión entre la necesidad de rememoración y la dificultad para expresar y comunicar el dolor y el trauma de la guerra.

Palabras clave: Segunda Guerra Mundial, Fuerza Expedicionaria Brasileña, Memorias Traumáticas, Veteranos, Reinserción Social



An event that remained etched in my memory”:

Traumas, Memories, and Forgetfulness in the Narratives of the Soldiers of the Brazilian Expeditionary Force

Abstract

The present article aims to analyze an aspect of the participation of the Brazilian Expeditionary Force (FEB) in World War II: the transmission of narratives in the face of the traumatic nature of these experiences. The main hypothesis of the analysis is that the narratives of FEB veterans about their experiences in World War II are marked by a profound unease and a desire to forget, reflecting the complexity of both collective and individual memory in relation to traumatic experiences. Although these narratives often include elements of heroism and patriotism, they also reveal a tension between the need for remembrance and the difficulty of expressing and communicating the pain and trauma of war.

Keywords: Second World War, Brazilian Expeditionary Force, Traumatic Memories, Veterans, Social Reintegration




Introdução

A Segunda Guerra Mundial, conflito iniciado em setembro de 1939, opôs, durante os anos de 1939 a 1945, grandes potências econômicas mundiais que, mediante os sacrifícios de milhares de vidas, disputavam a hegemonia da ordem mundial, ferida durante o período entre guerras com a proliferação de regimes totalitários por grande parte do continente europeu. De acordo com Capelato (2007), o período entre guerras é caracterizado pela emergência de regimes que se voltam às classes populares e criticam ferrenhamente o sistema liberal, considerado incapaz de solucionar os problemas sociais. Conforme Capelato, nesse contexto, manifesta-se, em vários pontos do globo, modos de atuação política que criticam a democracia representativa parlamentar, de cunho individualista, e concentram suas propostas na questão social e no controle de revoluções socialistas (Capelato, 2007: 120).

A emergência do conflito marcou uma mudança significativa no panorama das relações internacionais. Entre 1944 e 1945, o Brasil participaria ativamente das operações militares, enviando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater as tropas do Eixo na Itália. É fundamental ressaltar que, a partir de 1937, o Brasil estava sob uma ferrenha ditadura conduzida por Getúlio Vargas, que promovia a repressão sistemática da oposição, justificada por um forte discurso racional e nacionalista que, ao passo em que reprimia os opositores, reforçava a necessidade de modernização do país (Carneiro, 1999: 333)

Dessa maneira, a percepção geral dos brasileiros era de incredulidade com relação à entrada do país no conflito. Vargas operacionalizou as disputas políticas a partir de um comportamento pendular entre as pressões dos Estados Unidos e da Alemanha (Ferraz, 2012: 47). Em janeiro de 1942, a guerra chega de fato ao Brasil. O rompimento diplomático do país com o Eixo marca também uma contradição evidente: como Getúlio Vargas, chefe de um regime autoritário, apoiaria a luta em nome da liberdade democrática durante a Segunda Guerra Mundial?

A máquina de propaganda varguista mobilizava esforços para articular a narrativa política do governo ao novo posicionamento diplomático do Brasil em relação ao contexto mundial. Conforme aponta Cytrynowicz (2002), o governo mobilizava esforços para manter um clima nacional de mobilizações e montar um front interno, sobretudo em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável pela propaganda oficial do governo, promovia programas de rádio, jornais, panfletos e demais ações que tinham como objetivo conciliar o inconciliável: um regime com características autoritárias lutando ao lado das forças democráticas (Cytrynowicz, 2002: 99).

Após o posicionamento efetivo de Getúlio Vargas, manifestando seu apoio aos aliados, o Brasil é considerado hostil pelo Eixo. As retaliações chegariam ao país, de fato, através de ataques a navios mercantes no litoral brasileiro. Conforme aponta Bonalume Neto (1995), de janeiro a julho de 1942, 13 navios foram atacados por submarinos alemães. No mês seguinte, o submarino nazista U-507 afundou, em um curto espaço de tempo, mais 5 navios e um veleiro brasileiro, resultando na morte de 607 pessoas (Bonalume Neto, 1995: 45)

A retaliação alemã gerou uma série de manifestações, com protestos e passeatas que exigiam a guerra. Essa guerra, finalmente declarada em 22 de agosto de 1942, exigia um planejamento sobre como o país atuaria frente a um contexto de conflito mundial delicado. Por um lado, o envio de tropas à guerra representava uma oportunidade para modernizar o exército e participar do teatro das Grandes Nações. Por outro lado, a dificuldade de organizar o contingente de homens para integrar o exército era evidente.

De acordo com César Campianni Maximiano (2010), a proposta inicial tangenciava o envio de 100 mil homens para combater as tropas nazifascistas. No entanto, a Força Expedicionária Brasileira, criada em 9 de agosto de 1943 através da Portaria Ministerial nº 4744, contou com um contingente de 25.334 expedicionários, divididos em 3 regimentos. Isso demonstra que havia um abismo a ser transposto entre os planos do governo e a composição de uma força para o combate quase imediato (Maximiano, 2010: 37).

Os conscritos, oriundos em sua maioria das classes menos abastadas, formariam o grupo de cidadãos-soldados que integrariam as tropas brasileiras em diferentes cenários da guerra. Entretanto, a precariedade do padrão de recrutamento e seleção se acentuava, diante da situação socioeconômica do país. A evidente ausência de infraestrutura e armas, além da obsolescência dos equipamentos, dificultavam ainda mais o processo (Ferraz, 2012: 61).

A FEB e seus integrantes rumaram em direção ao front italiano em cinco escalões diferentes entre julho de 1944 e fevereiro de 1945. Os militares brasileiros integraram o 4º Corpo do V Exército norte-americano. Em maio de 1945, com o término oficial das hostilidades na Europa, acaba a participação dos militares brasileiros no conflito. Segundo Sirlei de Fátima Nass, cumprida a missão, era hora de voltar para casa, com um custo de 468 mortos, 1.577 feridos, 1.145 acidentados, 58 extraviados, dos quais 35 foram aprisionados pelos alemães e cerca de 8 mil doentes em um efetivo de 25.334 soldados (Nass, 2005: 53).

A recepção dos expedicionários em seu retorno ao Brasil foi efusiva; os periódicos da época registravam a movimentação dos habitantes do Rio de Janeiro e o clima de empolgação e vibração cívica pelo fim da guerra. O dilema enfrentado pela ditadura varguista, a partir do momento em que enviou os expedicionários para lutar ao lado dos aliados, chegava ao clímax. O mesmo regime que cerceou a liberdade de imprensa, perseguiu opositores e restringiu a cidadania preparava agora a festa de recepção de seus soldados vitoriosos, tornando as contradições políticas internas mais evidentes.

Se por um lado poderia parecer que o retorno das “pracinhas” vitoriosos da guerra seria a coroação de um regime ditatorial já claudicante, por outro, a luta da FEB na Itália e a vitória da democracia sobre as ditaduras do Eixo convertiam os soldados da FEB em símbolos de uma democracia que não tardaria em chegar ao Brasil. Segundo Ferraz, a identidade entre a luta da FEB e a luta pela restauração das rotinas democráticas não era nova. Há muito, a FEB já tinha entrado nas cogitações dos atores políticos, seja como símbolo poderoso, seja como aliada, seja como alvo de inquietação (Ferraz, 2012: 107).

Após o retorno, a desmobilização da tropa era a grande preocupação dos dirigentes do Estado Novo. O caráter abrupto e apressado com que os processos foram realizados, ainda em território estrangeiro, indica que tais determinações tinham o claro objetivo de frear o impacto da chegada desses militares ao Brasil. Os pracinhas, em seu retorno ao Brasil, representavam as aspirações de grande parte da população que os viam como tais. O passado em comum desses homens, que estiveram em combate na Itália, fomentaria uma identidade social.

Após as desmobilizações, a reintegração social dos veteranos brasileiros foi um processo de transição lento e mediado por inúmeros fatores. A luta pela sobrevivência e pelo reconhecimento concreto, material e simbólico de sua participação na Guerra ocorre de forma concomitante ao fortalecimento de uma coletividade, sobretudo a partir da atuação das Associações de Ex-combatentes (Ferraz, 2012: 335).

As associações de veteranos desempenharam papéis ligados à reintegração social e profissional de seus associados, além de funções assistencialistas, como o pagamento de exames médicos, sepultamentos, assistência social, jurídica, representativa e recolocação profissional. Conforme aponta Ferraz, essas associações começam a atuar como uma força social importante, principalmente na Europa, após a Primeira Guerra Mundial. No Velho Mundo, milhares de jovens mobilizados para os combates, agora transformados em veteranos de guerra, se associavam a essas instituições como forma de pressão política em busca de direitos outrora prometidos (Ferraz, 2008: 467).

Ao longo do tempo, essas entidades protagonizaram ações e esforços comemorativos em torno da memória da participação de seus associados no conflito. Dessa maneira, a realização de práticas associativas internas, como reuniões, preenchimento de atas, elaboração de panfletos e comunicados, assim como práticas externas — ações públicas de comemoração, desfiles, inauguração de monumentos e demais solenidades — marcou a sobrevivência de uma identidade social entre os integrantes desses grupos. Atualmente, esse papel ainda é desempenhado, especialmente porque restam poucos veteranos vivos, e cabe a essas entidades agir como salvaguardas da memória sobre a participação do Brasil no conflito.

A princípio, a cidade de Juiz de Fora contava com um núcleo da Associação de Ex-Combatentes do Brasil (AECB), que permaneceu em atividade desde 1947 até 1989. Essa associação entendia o termo “Ex-Combatente” de forma mais ampla, aceitando como associados uma diversidade de pessoas – desde militares que integraram a FEB na Itália até aqueles encarregados da defesa das ilhas e da costa atlântica brasileira. Em 1963, surgiu no Rio de Janeiro o Clube dos Veteranos da Campanha da Itália (CVCI), que, posteriormente, se autodenominou Associação dos Veteranos da FEB (AVEFEB) em 1969. Em 1975, devido à sua expansão com diversas seções pelo país, passou a ser chamada de Associação Nacional dos Veteranos da FEB (ANVFEB), denominação atualmente utilizada.

Em 1971, formou-se na cidade de Juiz de Fora um núcleo da ANVFEB que, segundo seus estatutos, aceitava como associados aqueles portadores do diploma da medalha de campanha, restringindo o corpo social apenas aos envolvidos no Teatro de Operações da Itália. A partir desse momento, inicia-se uma disputa pelo direito de salvaguardar e difundir a memória da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial na cidade. Em termos gerais, essa disputa resultou na supressão da primeira associação em 1989 (Musto Flores, 2019: 70).

Passados 80 anos do embarque dos primeiros escalões de militares brasileiros para a guerra, o tema já foi abordado em inúmeras pesquisas acadêmicas, investigações jornalísticas, filmes, documentários e livros que ressaltaram diversos aspectos da participação no conflito. Além disso, inúmeros depoimentos de veteranos da FEB foram editados em diversas publicações; as que têm maior difusão estão atreladas à Biblioteca do Exército Editora (BIBLIEx). Segundo Francisco César Alves Ferraz, as obras com chancela oficial centram-se em construir uma narrativa laudatória à própria instituição, à FEB e, sobretudo, aos seus comandantes, pecando no que diz respeito a uma análise mais crítica da atuação da FEB na guerra (Ferraz, 2012: 313). A função dessa produção oficial, portanto, é difundir uma história da instituição, constituindo-se como uma das principais práticas de gerenciamento da memória, exercida principalmente pelo Exército.

A análise que se segue mobiliza os relatos e depoimentos deixados por veteranos da FEB, que estão sob a guarda da ANVFEB. A mobilização desses relatos permite lançar novos olhares sobre a participação dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial e fornece dados para entender como os autores desses depoimentos perceberam sua atuação na FEB e como conviveram com suas memórias.

É importante destacar que a ANVFEB é uma das raras associações que, mesmo após o falecimento de seus veteranos, permanece em funcionamento, sendo gerenciada por amigos, familiares e entusiastas da participação da FEB na guerra. Com o passar dos anos, o processo natural de desaparecimento dos membros do grupo gerou a necessidade de salvaguardar um acervo dedicado ao tema. O acervo presente na associação é o resultado dos esforços de setores da sociedade civil, da própria entidade, de familiares e dos veteranos que optaram por deixar documentos pessoais, depoimentos e artefatos sob os cuidados da entidade.

A motivação para o arquivamento desses documentos é uma tentativa de inscrever a experiência desses indivíduos na posteridade. Com o passar dos anos e o surgimento de novas demandas, as entidades associativas reconfiguraram seu panorama de atuação. Como pontuado no imediato pós-guerra, as associações eram espaços que desempenhavam funções assistenciais para os veteranos. Contudo, diante do processo natural de desaparecimento de seus associados, essas entidades se tornaram arquivos fundamentais para pesquisas sobre o tema.

A preservação e difusão dessa memória passaram a ser o objetivo principal dessas associações, convertendo-se também em espaços fundamentais de recordação para a manutenção da identidade do grupo. Segundo Edilan Martins de Oliveira, esses espaços e as modificações que sofreram ao longo do tempo ilustram a luta dos veteranos para estabilizar a memória da participação da FEB na guerra. Além disso, os arquivos e museus conservados por essas instituições buscam manter vivos os elementos simbólicos do grupo (Oliveira, 2021: 104).

As experiências dos veteranos brasileiros na Segunda Guerra Mundial estão imersas em uma série de disputas que envolvem mais do que a participação no conflito em si. De modo geral, os testemunhos resultam da somatória das forças que atuam na elaboração de um discurso de memória, transportando heranças, tradições, costumes, práticas, relações conflituosas, passado, presente e projeto de futuro, bem como as inúmeras mediações entre o pessoal e o coletivo. Além disso, a potencialidade das narrativas analisadas reside no fato de que são resultado da elaboração de uma memória social, cujo referencial é a participação em um conflito mundial.


A guerra aos meus olhos”: a participação da FEB na Segunda Guerra Mundial por seus principais agentes de memória


Com efeito, as associações de veteranos se portaram como pontos de ajuda mútua em relação aos diversos problemas enfrentados no cotidiano desses sujeitos após o fim da campanha da Itália. Com o tempo, essas entidades assumiram uma função simbólica, tornando-se espaços de produção e gerenciamento da memória sobre a participação da FEB na guerra. Inicialmente voltadas para questões materiais, essas associações passaram a lutar contra um novo desafio: o passar do tempo.

Nesse sentido, frente ao desaparecimento natural dos principais agentes de memória do grupo, tornou-se indispensável registrar as impressões e experiências vivenciadas durante a campanha da Itália. Como resultado, o acervo da ANVFEB está repleto de relatos, livros de memória, registros de falas dos associados em atas de reunião, entre outros materiais que oferecem acesso a uma diversidade de narrativas sobre a guerra.

No presente artigo, utilizarei um conjunto de depoimentos coletados junto aos associados da entidade a partir de um esforço conjunto entre a ANVFEB e os alunos de um dos colégios da cidade, realizado no ano de 1974. É imprescindível destacar que, no momento da coleta desses depoimentos, já haviam se passado 30 anos desde o embarque das tropas brasileiras para o front, conferindo um simbolismo especial à ocasião. O questionário era composto por uma pergunta que convidava o entrevistado a: “resumir um acontecimento que ficou gravado em sua memória durante a campanha da Itália”. Assim, o veterano poderia narrar um evento, uma ação de combate, ou ainda, uma experiência cotidiana vivenciada durante sua participação na guerra.1

Em meio à análise dessa documentação, alguns registros chamaram a atenção por expressarem, ao contrário da maioria das narrativas dessa natureza, o desconforto dos veteranos em relação às suas recordações. Além disso, muitos relataram dificuldades em expressar suas memórias e em traduzi-las para a sociedade de forma geral. É o caso de José Alberto de Oliveira que registrou: “poucos são capazes de compreender a angústia que se apossava de nós, combatentes da FEB, durante o desenrolar de uma ação de combate. Eu senti por várias vezes essa angústia”.2

As guerras mundiais que assombraram o século XX deixaram cicatrizes profundas na memória daqueles que vivenciaram esses eventos. A angústia, ressaltada pelo veterano, resulta de sua percepção do conflito em meio a uma ação de combate. Dessa maneira, o registro do veterano ilustra a problemática da transmissão de narrativas a respeito do passado, sobretudo aquelas que dizem respeito a situações traumáticas.

Em um questionário específico, atribuído ao veterano Otávio Alves Ferreira, está registrado a seguinte observação: “o veterano Otávio Alves Ferreira não quis responder as perguntas porque não gosta de lembrar da guerra. Por que ele sente muito e chega até a chorar”.3 É importante destacar que a resposta registrada pelo depoente deixa claro uma ambiguidade intrínseca a experiências desse tipo.

Os sobreviventes precisavam lidar com o pesado fardo de carregar certas recordações e de serem vistos como porta-vozes daqueles que, devido ao passar do tempo ou por terem perecido na guerra, não podiam mais falar por si mesmos. Diante disso, eram considerados heróis por parte da população, mas foram abandonados pelo governo, frente à falta de cumprimento das promessas feitas antes do conflito. Assim, viviam no limiar da glória e da penúria, do reconhecimento e do esquecimento, da visibilidade e da invisibilidade (Ribeiro, 2013: 138).

Como argumenta Beatriz Sarlo, a fonte primária dos testemunhos de qualquer natureza é a experiência; ou seja, não existe testemunho sem uma experiência prévia, nem experiência sem o ato de narrar. Durante a comunicação, elabora-se uma narrativa sobre a experiência, inscrevendo essa vivência em uma temporalidade distinta de seu acontecer. O ato de comunicação é fundamental para transmitir os valores e significados atrelados à narrativa (Sarlo, 2007: 24-25). A negação da narração, como no caso analisado, representa a existência de uma barreira entre a experiência e a comunicação. As recordações dessa natureza são marcadas pelo trauma, que ofusca a narrativa, tornando-a mais suscetível ao esquecimento.

No início do século XX, diante dos efeitos devastadores da Primeira Guerra Mundial, surge uma preocupação com o eventual declínio da capacidade de narração. O caráter de novidade do conflito impactou diretamente a relação da sociedade com seu passado, levando os seres humanos ao limite em experiências que beiravam o indizível. No ensaio intitulado "O Narrador" (1935), Walter Benjamin questiona a perda da capacidade de intercambiar experiências. Segundo ele, ao término do conflito, os combatentes, que deveriam voltar ricos em experiência, regressavam emudecidos e empobrecidos em experiência comunicável. A mudança repentina e o choque da experiência da guerra alteravam as referências utilizadas para decodificar a realidade. Assim, a guerra mudaria o mundo para sempre e, em meio a essa mudança significativa e repentina, nada permaneceria inalterado, nem mesmo o frágil corpo humano (Benjamin, 1994: 198).

Com efeito, Walter Benjamin considera a experiência como uma espécie de tradição compartilhada e transmitida oralmente; ou seja, a transmissão de narrativas permite que a experiência circule entre os membros de uma comunidade. Entretanto, as situações limítrofes que fazem parte da experiência desses indivíduos na guerra resultam em recordações que permanecem recorrentes na memória, ocasionando incômodo e desconforto.

Nesse sentido, assim como há relatos extensos que difundem significados voltados ao patriotismo, abnegação e altruísmo dos soldados, também existem depoimentos sucintos que indicam o desconforto do narrador e a quebra da narrativa. Em um desses depoimentos, o veterano Antônio Augusto de Andrade afirma de forma sucinta: "Os acontecimentos que permanecem em meu subconsciente estão ligados à morte ou ao ferimento de companheiros”.4

Dessa maneira, se assumirmos que essas experiências comprometem a capacidade de narração, há um comprometimento da sensação de continuidade através do tempo. Segundo Jeanne Marie Gagnebin, uma das formas de interrupção dessa conexão é a experiência limítrofe e traumática; a intensidade dessa experiência causa um rompimento abrupto da ligação entre memória e narração. Nesse contexto, a linguagem tradicional torna-se incapaz de expressar a magnitude da experiência vivida, devido ao rompimento entre a linguagem e o acesso ao simbólico (Gagnebin, 2004: 85).

Não é possível afirmar com clareza quais critérios utilizados pelos entrevistados foram aplicados para registrar suas impressões nos questionários analisados. A questão proposta no documento deixava em aberto a forma de registro das impressões, assim como o recorte e a seleção de eventos que seriam mencionados pelo entrevistado. Nesse sentido, o participante poderia depor em sua defesa, por exemplo, destacando uma ação de combate realizada ou construindo uma narrativa épica a partir de seu ponto de vista sobre o combate. No entanto, esse não é o elemento mais ressaltado na maioria das narrativas. Os registros são marcados por relatos de desconforto em relação àquelas recordações, como se o substrato em que registravam suas impressões atuasse para apaziguar e estabilizar a memória.

É preciso ressaltar a atuação desses veteranos enquanto agentes de memória, ou seja, indivíduos que desempenharam a função de conduzir esforços de rememoração e comemoração de seus feitos como condição para a existência e perpetuação de uma identidade social (Ferraz, 2012: 210). A afirmação do autor traz um ponto fundamental para a reflexão do presente texto, pois, a partir dos relatos mencionados, é possível perceber que esses indivíduos estavam no limite entre perpetuar a memória do grupo e enfrentar os desconfortos causados pela recordação daquela experiência.

O limiar entre a lembrança, o desejo de esquecimento e o silêncio é evidente em vários depoimentos. O veterano Nelson Salomão, por exemplo, registrou: “passado tanto tempo, é muito difícil para eu relatar com precisão todos os fatos que presenciei e de que participei, porque, na verdade, o que eu mais desejo é esquecer. Porém, por mais que eu me esforce, resulta inútil”.5 Em algumas ocasiões, o silêncio se destaca como a principal resposta; é o caso do veterano José Maria, que afirmou: “eu não gosto de falar sobre o que fiz na guerra e, para usar de franqueza, não sei contar os acontecimentos havidos durante a campanha.

As abstenções, nesses casos, permitem perceber, em outra perspectiva, como o choque ligado a essas experiências atua na memória desses indivíduos. Por um lado, existem casos de depoentes que afirmam uma relação ambígua com suas memórias; ou seja, apesar de lembrarem e falarem sobre os ocorridos, clamam pelo esquecimento. Por outro lado, existem aqueles que optam pelo silêncio, deixando essa opção registrada no questionário.

Suportar o fardo dessas memórias é inerente à condição da maioria dos membros dessa comunidade. No que se refere ao engajamento de indivíduos em operações bélicas, é importante considerar que, ao acessar essas experiências traumáticas e transformá-las em narrativas, existe o risco de interpretações equivocadas por parte dos ouvintes. Dessa maneira, a testemunha se coloca em uma linha muito tênue, que limita de forma imprecisa o que pode ser dito e o que não pode ser dito.

Nessas situações, de acordo com Werner Bohleber, o indivíduo portador daquelas memórias muitas vezes não quer se sobrecarregar e falar a respeito novamente. Caracterizar essas memórias como indizíveis significa que essas vivências traumáticas e suas recordações não devem ser forçadas a ser enquadradas em uma estrutura narrativa, sob o risco de falsear seu núcleo e sua verdade (Bohleber, 2007: 16).

De toda maneira, testemunhos como os acima mencionados são típicos de quem enfrentou as provações de um ambiente de conflito, que se tornava cada vez mais difícil ao longo do rigoroso inverno italiano. Além disso, outra questão que se apresenta diante dos registros analisados é o tabu relacionado a narrar experiências de violência do conflito. As situações de combate que resultaram na morte de inimigos, a partir de ações militares conduzidas pelos depoentes, não são frequentemente relatadas.

A violência da guerra é, na maioria das vezes, registrada de forma mais geral, pontuando com certa recorrência a necessidade de esquecimento. O registro de Francisco José Affonso segue esse modelo de narrativa. Segundo ele, a lembrança mais recorrente da guerra é a "violência, agressão, crueldade e sacrifício". Não há nada de bom; no entanto, esses acontecimentos permanecem gravados em nossa memória. Muitos deles gostaríamos de esquecer, como a morte de um companheiro” (ANVFEB-JF, 1981: 146). Na mesma linha, Sidney Teixeira Alves afirmou recordar-se das sensações e emoções envolvidas nos detalhes relacionados à violência da guerra. No questionário, o veterano registrou que o que mais o marcou foi “a cena de sangue em Montese. O inferno das granadas que explodiam sobre nossas cabeças, o sinistro pipocar das 'lurdinhas', o ronco das máquinas no céu [...] o horror das minas que ameaçavam nos destroçar a cada passo”.6

Entre os relatos que mencionam as relações sociais, destaca-se a situação traumática envolvendo a morte de companheiros, sejam eles próximos ou distantes, em meio ao cenário do conflito. Francisco Albino Moreira recorda um episódio em que um colega, chamado Severino, que na época era cabo, morreu ao cruzar uma ponte sob intenso bombardeio. Segundo o depoimento,

cabo Severino, para, aperta os lábios, faz gestos balançado a cabeça, observa bem, ouve as explosões das granadas e fala um tanto apavorado. “Não é possível, francamente, atravessar uma longa ponte debaixo de um intenso bombardeio por causa de um almoço. Há poucos dias recebi uma carta do Brasil na qual me comunicavam o falecimento de minha mãe, deixei lá também uma moça muito dedicada como noiva. Espero retornar em breve, casar e amparar meu pobre pai, velhinho e agora viúvo.” Demos tempo ao tempo e observamos que o bombardeio havia serenado. Cabo Severino, parecendo não se lembrar do que dissera antes atravessou na correria a tal ponte. A fome castigando, resolvi arriscar, acontece que ao chegar do outro lado, deparei-me com um aglomerado de companheiros e metendo a cara no boleiro vi e ouvi o Cabo Severino inerte, dando o último suspiro. Severino, que exercia o comando do grupo e estava indicado para a promoção e graduação a 3º Sargento, depois que havia atravessado a ponte foi atingido por uma granada de canhão alemã que caiu a sua frente espalhando os estilhaços por todo seu corpo, principalmente na região abdominal. Suas longas palavras ficaram durante muito tempo martelando no meu subconsciente (ANVFEB-JF, 1981: 122-123).

As questões que envolvem a morte em combate aparecem em diversos relatos. Mesmo que em alguns relatos essa temática seja omitida, a imagem de companheiros tombando no campo de batalha é sempre um elemento ressaltado, que não pode ser ignorado em uma análise das narrativas traumáticas sobre a guerra. No testemunho do veterano Abel de Paula Rodrigues, por exemplo, a morte dos companheiros aparecia em suas recordações como imagens mutiladas e disformes. Segundo o veterano, “só de amigos mesmo, perdi cerca de vinte. Víamos muita gente morta porque, às vezes, os padioleiros não tinham tempo para retirar os corpos. Quando faltava mão de obra, os mortos eram deixados para depois, e os feridos eram socorridos” (ANVFEB-JF, 1981: 130).

Em outro depoimento, registrado por Geraldo Teixeira Rodrigues, a violência na guerra é relatada como algo do cotidiano, uma vez que era parte de sua atuação diária. O veterano, que o chamado pelotão de sepultamento relatou que:

é muito árdua a missão de, após os combates, recolher os cadáveres dos companheiros mortos em ação. Essa foi minha missão durante o desenrolar da campanha da FEB na Itália. Ao tocar naqueles corpos sem vida, sentia uma profunda dor no coração. Quantas vezes tive vontade de chorar (ANVFEB-JF, 1981: 103).

Segundo Adriane Piovezan, a morte na guerra possui características e simbologias próprias, pois não pode ser equiparada a uma morte comum. O indivíduo que ali jaz, ou o monumento que evoca sua memória, remete a uma morte em nome de uma causa, enfatizando o sacrifício realizado e transmitindo os valores dessas narrativas às gerações futuras (Piovezan, 2017: 239). Nesse sentido, a morte desses homens se torna um símbolo e um alicerce poderoso da memória coletiva sobre a participação do Brasil na guerra.7


Considerações Finais

É oportuno mencionar que, em meio à natureza seletiva da memória, existem inúmeras formas de narrar um conflito da magnitude da Segunda Guerra Mundial. Portanto, se questionados novamente, é provável que os mesmos depoentes citados relatariam sua participação na FEB de maneiras diferentes. A mudança nos posicionamentos e no modo como construímos uma narrativa sobre nossas vidas decorre da estreita relação entre a representação do passado — as memórias — e as demandas do presente de quem narra.

Este texto buscou mostrar que, entre as diversas formas de narrar uma experiência como a participação em um conflito, existem aquelas que destacam os desconfortos e a necessidade de esquecimento que essas memórias despertam. Conforme aponta Aleida Assmann, o passado é sempre novo, alterando-se constantemente para atender às demandas do presente. Ele se transforma à medida que a vida avança. O presente atua como um maestro, conduzindo o passado, como se regesse músicos em um concerto. Assim, o passado pode parecer, às vezes, próximo; às vezes, distante; às vezes, ressoante; e, em outras ocasiões, silencioso. Somente as partes do passado que têm a capacidade de esclarecer ou obscurecer o presente exercem influência sobre ele (Assmann, 2011: 21).

Dessa forma, é característico que as narrativas de memória modifiquem e solidifiquem seus conteúdos ao longo do tempo. Essa memória, construída a partir dos vínculos sociais de convivência — seja no contexto profissional, escolar ou familiar — trata de como transmitimos os eventos relacionados ao nosso passado, garantindo que ele perdure para as gerações futuras. A memória coletiva é, em sua essência, comunicação.

O objetivo da presente análise foi ressaltar que, entre as diversas formas de narrar os acontecimentos, há aquelas testemunhas que optam por apresentar uma perspectiva mais pessoal em relação ao conflito, desvinculando suas narrativas da sacralização dos grandes homens e das epopeias da guerra. Ao enfatizar esse aspecto pessoal, muitos demonstram certo incômodo com o papel de portadores dessas memórias, evidenciando o desejo de esquecimento e as dificuldades em se relacionar com essas recordações.

A memória se constrói a partir dos laços sociais de convivência, seja no âmbito profissional, escolar ou familiar, e diz respeito à forma como os indivíduos comunicam os episódios relacionados ao passado coletivo e individual, garantindo que esse legado perdure além das gerações. A memória coletiva é, em sua essência, um ato de comunicação, o que implica que as narrativas de memória e seus conteúdos se modifiquem ao longo do tempo. Analisar as narrativas sobre a memória dos veteranos da FEB hoje, passados 80 anos do embarque para a Itália, é uma tarefa árdua. Com o passar dos anos, houve uma diminuição natural no número de veteranos vivos, tornando impossível determinar com exatidão quantos ainda restam. Além disso, os veteranos que permanecem estão quase centenários, o que inviabiliza a coleta de novos depoimentos.

Ao longo do tempo, as associações de veteranos se consolidaram como espaços de preservação dessa memória, cultivando pequenos acervos pessoais e depoimentos de seus associados. Ademais, essas instituições gerenciaram essas memórias; os vestígios dessas estratégias podem ser encontrados nos documentos associativos preservados pelas associações ainda em funcionamento, por familiares ou em arquivos públicos dedicados à salvaguarda desses registros. Dessa maneira, embora a coleta de novos testemunhos tenha se tornado inviável ao longo dos anos, novas perspectivas se abrem, podendo originar hipóteses inovadoras e fundamentar novos trabalhos acadêmicos relacionados ao tema.


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Sobre o autor

Rodrigo Musto Flores é doutorando em História na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Mestre em História e Patrimônio pela Universidade Federal de Viçosa e graduado em História pela Universidade Federal de Viçosa. Realiza pesquisas sobre a construção e os usos dados às narrativas de memória e a relação entre as instituições militares e a política no Brasil.



https://orcid.org/0000-0002-2750-2719



Sobre el autor

Rodrigo Musto Flores es doctorando en Historia por la Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Magíster en Historia y Patrimonio por la Universidade Federal de Viçosa y Licenciado en Historia por la Universidade Federal de Viçosa. Realiza investigaciones sobre la construcción y los usos dados a las narrativas de memoria y la relación entre las instituciones militares y la política en el Brasil.

About the author

Rodrigo Musto Flores is a PhD student in History at the Federal Rural University of Rio de Janeiro (UFRRJ), holds a Master's degree in History and Heritage from the Federal University of Viçosa, and a Bachelor's degree in History from the Federal University of Viçosa. He conducts research on the construction and uses of memory narratives and the relationship between military institutions and politics in Brazil.


1 Os questionários originais foram preservados nos arquivos da associação e alguns desses depoimentos foram utilizados, posteriormente, na composição de um livro intitulado 'Histórias de ‘pracinhas’ contadas por eles mesmos'. Esse material é um dos principais conteúdos de memória produzidos pela associação, sendo utilizado como fonte de pesquisa para a produção de jornais, convites para eventos internos e publicações nas redes sociais realizadas pela entidade.

2 Acervo da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seção Juiz de Fora. Depoimento do veterano José Alberto de Oliveira.

3 Acervo da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seção Juiz de Fora. Depoimento do veterano Otávio Alves Ferreira.

4 Acervo da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seção Juiz de Fora. Depoimento do veterano Antônio Augusto Andrade.



5 Acervo da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seção Juiz de Fora. Depoimento do veterano Nelson Salomão.

6 Lurdinha era o apelido dado pelos militares da FEB à metralhadora alemã MG 42. Acervo da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seção Juiz de Fora. Depoimento do veterano Sidney Teixeira Alves.

7 Um dos exemplos mais característicos é o da morte do sargento Max Wolf Filho, que tombou em combate em 12 de abril de 1945. A morte do sargento Max Wolf foi, posteriormente, convertida em um dos símbolos mais poderosos sobre a participação da FEB na guerra.