Hoje tem live: intercâmbio lexical disseminado pela internet no português brasileiro

Beatriz Curti-Contessoto

Universidade de São Paulo, Brasil
bfcurti@gmail.com

Jean Michel Pimentel Rocha

Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil
jeanpimenttel@gmail.com

Ieda Maria Alves

Universidade de São Paulo, Brasil
iemalves@usp.br

Trabajo recibido el 18 de mayo de 2021 y aprobado el 3 de marzo de 2022.

Resumo

É notório que a palavra live, de origem inglesa, vem sendo empregada no português brasileiro (PB). Partindo dessa afirmação, objetivamos, neste artigo, verificar se essa unidade lexical tem assumido significados e usos distintos da língua originária, em especial durante o período em que os brasileiros ficaram confinados em razão da quarentena, decorrente da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, buscamos investigá-los, orientando-nos pelas seguintes questões: (i) como a palavra live vem sendo incorporada no PB de um ponto de vista linguístico-cultural? (ii) trata-se de um estrangeirismo ou já é possível considerá-la um neologismo por empréstimo? Para responder a essas questões, apoiamo-nos em pressupostos teóricos dos estudos lexicais sobre neologismos e estrangeirismos, bem como em algumas considerações sobre o intercâmbio linguístico-cultural no contexto virtual. Adotamos, ainda, uma metodologia baseada na web como corpus para conduzirmos e sustentarmos nossas análises.

Palavras-chave: internet, live, estrangeirismo, neologismo.

Hoy hay live: intercambio léxico difundido a través de Internet en portugués brasileño

Resumen

Es bien sabido que se utiliza la palabra live, del inglés, en portugués brasileño (PB). Con base en esta afirmación, pretendemos, en este artículo, verificar si esta unidad léxica ha asumido diferentes significados y usos con relación al idioma original, especialmente durante el período en el que los brasileños fueron confinados debido a la cuarentena, que fue una consecuencia de la pandemia del COVID-19. En este sentido, buscamos investigarlos, guiándonos por las siguientes preguntas: (i) ¿cómo se ha incorporado la palabra live al PB desde un punto de vista lingüístico-cultural? (ii) ¿es extranjerismo o es posible considerarla un préstamo? Para responder a estas preguntas, nos apoyamos en los estudios léxicos sobre neologismos y extranjerismos, así como en algunas consideraciones sobre el intercambio lingüístico-cultural en el contexto virtual. También adoptamos una metodología basada en la web como corpus para realizar nuestros análisis.

Palabras clave: internet, live, extranjerismo, neologismo.

There’s live today: lexical exchange spread by the internet in Brazilian Portuguese

Abstract

It is notorious that the word live, originally English, has been used in Brazilian Portuguese. Based on that assumption, in this paper, we aim to observe if this lexical unit has assumed distinct uses and meanings in relation to the English language, especially during the period in which the Brazilians were in quarantine due to the COVID-19 pandemic. Thus, we sought to investigate them guided by the following questions: how is the word live being incorporated in Brazilian Portuguese from a linguistic and cultural viewpoint? Is it a foreignism or is it already possible to recognize it as a neologism? To answer these questions, we are founded on the theoretical assumptions of the lexical studies regarding foreignisms and neologisms, as well as on some considerations about the linguistic and cultural exchange in the virtual environment. Also, methodologically, we use the web as a corpus to carry out and support our analysis.

Keywords: internet, live, foreignism, neologism.

1. Introdução

Originária da língua inglesa, a palavra1 live identifica uma transmissão ou performance, gravada ou ao vivo (Cambridge 2019; Macmillan 2019), especialmente no rádio ou na televisão, assistida ao mesmo tempo em que se realiza. Uma tradução direta para o português brasileiro (doravante PB) poderia se dar pela locução ao vivo, cujo significado, segundo o dicionário Houaiss eletrônico (2009), é o de ao “mesmo momento em que está ocorrendo”, como em uma transmissão ao vivo.

No entanto, live parece ter assumido, no PB, significados e usos distintos dos da língua originária, em especial, durante o período em que a população brasileira ficou confinada em razão da quarentena, decorrente da pandemia de COVID-192. Neste artigo, são exatamente esses usos que buscamos explorar, orientando-nos pelas seguintes questões: (i) como a palavra live vem sendo incorporada no PB de um ponto de vista linguístico-cultural? (ii) trata-se de um estrangeirismo ou já é possível considerá-la um neologismo por empréstimo?

Para responder a essas questões, nas seções 2 e 3, trazemos algumas considerações relativas ao intercâmbio linguístico-cultural em contexto virtual, que, associado a uma questão de saúde de ordem global, a exemplo de uma pandemia, concorre para a ampliação e a renovação lexical das línguas. Em seguida, na seção 4, recorremos ao referencial teórico dos estudos lexicais que tratam sobre os conceitos e os critérios de classificação de neologismo por empréstimo e estrangeirismo. Na seção 5, analisamos e discutimos os dados. Para tanto, respaldados em corpora on-line e em ferramentas que usam a web como corpus, levantamos padrões léxico-gramaticais e semânticos envolvendo live que permitiram avaliar seu estatuto no PB. Por fim, na seção 6, tecemos algumas considerações sobre os resultados do trabalho.

2. O intercâmbio linguístico-cultural em contexto virtual

É sabido que cada grupo linguístico-sociocultural organiza a realidade a seu modo. O princípio da arbitrariedade e de valor do signo linguístico (Saussure 2012 [1916]) precisa justamente como as línguas constroem e assimilam o mundo de formas distintas. De uma perspectiva linguística, cada grupo tem para si “um inventário linguístico lexical e gramatical próprio, exclusivo; cada um deles tem valores semânticos que não coincidem inteiramente com os dos demais grupos” (Barbosa 1989, 121). Isso porque, para além do estritamente léxico-gramatical e semântico, a organização da realidade não se dissocia das questões socioculturais inerentes à vida em comunidade.

A confluência de aspectos linguísticos e sociais concorre para a dinamicidade intrínseca às línguas. Das várias possibilidades de observá-las, o léxico3 é a que mais nos salta aos olhos, já que sofre influências diversas que podem modificá-lo, reduzi-lo ou ampliá-lo. Esses processos, porém, não se restringem ao acervo já existente em determinada língua (Alves 1994). A expansão lexical pode acontecer, por exemplo, em virtude do contato de uma língua com outra(s), via assimilação de palavras estrangeiras em razão da importação de tecnologias, saberes e estilos de vida (Ilari 2003).

O contato entre diferentes povos tem sido mais acentuado desde o final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Os avanços tecnológicos do período possibilitaram o surgimento de meios de comunicação diferentes que tornaram a comunicação mais flexível. Esse cenário facilitado de interação entre as pessoas foi um dos principais fatores para que a globalização acontecesse, ampliando, assim, a integração internacional em várias frentes (política, econômica, social e cultural) e encurtando as distâncias entre os povos (Torrano 2010). É nesse momento, com a expansão global dos computadores e da internet, que surge a cibercultura (Lemos 2003) como algo que une os diferentes povos em torno de “uma” cultura compartilhada virtualmente.

Para Galli (2004), a comunicação virtual democratizou o saber e a informação, na medida em que descentralizou o poder de comunicar de jornais e de emissoras, passando-o para as pessoas em geral. O “contato” deixou, então, de ser quase que exclusivamente presencial e passou a acontecer virtualmente, favorecendo a difusão lexical entre os usuários na web, evidenciada, sobretudo, com a criação das redes sociais, com destaque para o Facebook, o Instagram e o Twitter, bastante disseminadas na comunidade brasileira.

Ora, o contato intercultural virtual tem impactos diretos na língua, o que se observa na importação de itens léxico-culturais entre distintas comunidades, como apontam, por exemplo, Curti et al. (2017), Molinari et al. (2019) e Giacomini Botta (2020). Curti et al. (2017), refletindo sobre a influência virtual na propagação do léxico, mostraram a assimilação de selfie em três línguas latinas (português do Brasil, espanhol da Espanha e francês da França). Adotando a mesma linha teórico-metodológica, Molinari et al. (2019) examinaram a palavra crush, com o propósito de observarem sua recepção nas línguas inglesa, portuguesa e francesa. Similarmente, Giacomini Botta (2020) investigou como a palavra spoiler vem se integrando ao PB.

Nas pesquisas supracitadas, observa-se como o inglês tem se mostrado bastante produtivo como fonte de empréstimo em diversas línguas, incluindo o PB. Os anglicismos, como são chamados, aparecem com frequência em outras línguas, principalmente porque os Estados Unidos ainda são referência em termos de desenvolvimento tecnológico e supremacia econômica e cultural (Garcez e Zilles 2004). Uma prova disso é o fato de as redes sociais citadas serem produtos norte-americanos.

À maneira das pesquisas reportadas, especialmente a de Curti et al. (2017), interessa-nos investigar o intercâmbio linguístico-cultural sob influência da internet e suas redes sociais, que têm atuado como grandes difusoras de neologismos e estrangeirismos. Partimos da premissa de que o processo de globalização, juntamente com a internet, aliado a um problema de ordem social, como uma enfermidade, favorece o intercâmbio cultural por meio do léxico.

Nesse contexto, este artigo tem como objetivo examinar os usos da palavra live no PB. A escolha da palavra para estudo surge no contexto de uma pandemia, a de COVID-19, que se alastrou pelo mundo e trouxe consigo novas possibilidades de nomear a realidade. Expliquemos, então, como essa situação nos levou a pesquisar os usos de live no PB.

3. Inovação e renovação lexical em tempos de pandemia

O início da segunda década do século 20 surpreendeu a população mundial com a pandemia de COVID-19, uma doença infecciosa ocasionada pelo novo coronavírus. Como efeito da globalização, possibilitando a rápida mobilidade de pessoas, a doença espalhou pelo mundo e, em poucos meses, contaminou milhões de pessoas e causou milhões de mortes. A doença foi também devastadora em termos econômicos em razão da paralisação de importantes setores de negócios como estratégia de contenção do vírus.

A pandemia do novo coronavírus igualmente surtiu efeito no campo lexical. Em entrevista à BBC (Ro 2020), o sociolinguista Robert Lawson, da Birmingham City University, afirma que o vírus foi responsável por uma rápida mudança linguística, a qual classifica como algo inédito e decorrente de fatores como rapidez em sua disseminação, seu domínio midiático e interconectividade global nas redes sociais.

Nessa conjuntura, a imprensa internacional chamou a atenção para a reutilização, a criação de neologismos e, até mesmo, a revisão de palavras em dicionários. Na língua inglesa, destacam-se expressões como covidiot, referindo-se aos que não respeitam as regras de isolamento, e covexit, qualificando a saída do confinamento, em uma analogia ao Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (Lawson 2020).

Veículos de imprensa nacionais também repercutiram a disseminação lexical por conta da pandemia, em especial nas redes sociais (Stok 2020). Os brasileiros também se mostraram criativos e recorreram à elaboração de novas palavras e ao bom humor como forma de enfrentar a situação. Na região amazônica, por exemplo, lockdown foi substituído por sossega-facho (Oliveira 2020).

Diante do exposto, observa-se como a conjugação da globalização, da internet e de uma pandemia participam na ampliação do léxico das línguas. Como explicamos, novas palavras foram criadas (a exemplo de coronga vírus) e outras já existentes tornaram-se mais frequentes no dia a dia da população brasileira, sofrendo, em alguns casos, alterações semânticas que as tornam específicas a essa pandemia (tais como quarentena e isolamento, dentre outras). Uma unidade lexical não diretamente vinculada ao novo coronavírus —pois já existia antes da pandemia—, mas que teve usos recorrentes no cotidiano dos brasileiros como reflexo dela é justamente a palavra live, que nos interessa de modo particular neste trabalho.

4. Ampliação lexical: neologismo por empréstimo e estrangeirismo

Conforme mencionamos, o léxico se expande tanto por meio de seu acervo já existente quanto pelo intercâmbio linguístico-cultural entre diferentes povos em diversas situações comunicativas. No caso da comunicação virtual, esse processo de ampliação ocorre de modo produtivo e envolve o surgimento de neologismos e estrangeirismos.

De acordo com Alves (1994, 5), um neologismo pode ser “formado por mecanismos oriundos da própria língua, os processos autóctones, ou por itens léxicos provenientes de outros sistemas linguísticos”. Neste trabalho, interessa-nos o neologismo por empréstimo, que se utiliza de bases de línguas estrangeiras. Alves (1994) destaca que, para que uma unidade lexical se torne um neologismo por empréstimo, ela passa por diferentes etapas. A primeira delas é quando começa a ser empregada em outra língua, mas ainda é percebida como externa ao vernáculo desse sistema linguístico (Alves 1994), por isso é denominada estrangeirismo.

Partindo das reflexões de Garcez e Zilles (2004) e Câmara Jr. (1979), também entendemos que estrangeirismos são “palavras estrangeiras que [...] acabam sendo incorporadas pela maioria dos falantes de determinada comunidade de fala, mas mantêm a forma alógena” (Curti et al. 2017, 120). Uma vez que a unidade lexical mantém a sua forma alógena, ou seja, sem adaptações à escrita da língua receptora ou alterações de sentido, é possível que ela venha acompanhada de sua tradução ou de uma definição de seu significado para que, assim, os receptores do texto possam compreendê-la adequadamente (Alves, 1994).

A fase neológica de uma palavra estrangeira é de caráter transitório e pode ser chamada de peregrinismo (Alves 1984). Tal fase, concebida por Deroy (1956), “situa-se entre o estrangeirismo e o empréstimo e corresponde à sua instalação no sistema de uma língua” (Alves 1984, 120). É justamente nesse período de difusão que “o elemento estrangeiro pode adaptar-se ao idioma que o recebe” (Alves 1984, 120). Desse modo, um estrangeirismo se torna neologismo por empréstimo ao ser incorporado na língua receptora.

Quanto aos critérios utilizados para verificar se live seria um estrangeirismo ou um neologismo por empréstimo, orientamo-nos pelos elencados por Alves (1984, 1994), os quais são de caráter morfossintático, semântico, fonético-fonológico, de frequência e lexicográfico. Assim, em face de um possível neologismo, é preciso observar se há ou não alterações morfológicas (ou seja, quando começa a formar compostos ou derivados, tal como new em new-jeca); se há mudanças nas categorias gramaticais (nome → adjetivo, por exemplo); se há diferenças quanto ao sistema de flexão das línguas em jogo; se há um decalque, isto é, uma adaptação literal da forma estrangeira (como em high technologyalta tecnologia). É preciso examinar os —novos— sentidos que podem ser originados na língua receptora (nesse caso, ao ser introduzida com um significado apenas, a unidade lexical em questão pode adquirir um caráter polissêmico). Investigar se há mudanças na pronúncia, como geralmente ocorre, o que pode redundar em adaptação gráfica (exemplo: xampu). Além disso, deve-se observar se há ou não uso recorrente da unidade lexical em análise. Com relação à recorrência, deve-se checar também se a unidade se encontra incorporada em dicionários – o que pode ser um indicador de que ela foi integrada ao acervo lexical da língua que a recebeu (Alves 1984, 1994).

Tomando por base os critérios supracitados, conduzimos as análises sobre os usos de live no PB a fim de investigar se essa unidade lexical seria um estrangeirismo ou se pode ser considerada um neologismo por empréstimo. Na seção seguinte, discorremos sobre os usos de live na língua inglesa para, então, apresentarmos os procedimentos metodológicos, juntamente com as análises e os resultados a que chegamos com o presente estudo.

5. O caso de live: neologismo por empréstimo ou estrangeirismo?

Como adiantamos, live é classificada, em língua inglesa, pelos dicionários on-line Cambridge (2020) e Macmillan (2020) como adjetivo que qualifica uma performance ou uma transmissão, sobretudo no rádio ou na televisão, assistida ao mesmo tempo em que se realiza. Seria, nesse sentido, algo como uma transmissão ao vivo em PB.

O significado de live nos dicionários ingleses se confirma quando consultados padrões de coocorrência em corpora. Na plataforma Sketch Engine (Kilgarriff et al. 2014), ao pesquisarmos no corpus English Web 2015 – enTenTen, com cerca de 15 bilhões de palavras, live, como adjetivo, aparece 1,306,325 vezes (busca pela ferramenta word sketch). Nos excertos abaixo, retirados desse corpus, para além dos casos mais prototípicos vinculados ao mundo radiofônico, televisivo e de entretenimento (exemplos de (1) a (4)), destacamos, ainda, usos relacionados, porém empregados em contexto virtual (exemplos de (5) a (8)):

(1) The launch event was featured live on BBC.

(2) Here’s the original version featuring a live performance of Amy Winehouse.

(3) Live music definitely make you strum your way into people’s hearts!

(4) My whole life, I have loved music and attending live concerts.

(5) The webinar will be a live webcast on-line.

(6) A live stream on YouTube had more than 150,000 viewers at one point.

(7) The user can use a mobile device or a remote browser for viewing live feed.

(8) Live webinars have many advantages as a distance learning option.

Palavras como stream, webcast, feed e webinar são comuns no mundo virtual. Stream diz respeito a ações como ouvir ou assistir vídeos diretamente na internet, sem a necessidade de download; webcast, similarmente a um podcast, mas via vídeo, caracteriza uma transmissão por meio da internet; feed, por sua vez, refere-se a atualizações de informações em páginas na web; por fim, webinar qualifica uma reunião on-line para fins acadêmicos, por exemplo (Cambridge 2019). Live pode acompanhar, em inglês, esses nomes ou verbos para indicar que são eventos ou ações que se desenvolvem em tempo real em contexto virtual.

Vinda do inglês, live vem sendo empregada no PB, sobretudo na comunicação virtual. Nesse caso, pressupomos que, além da influência de usos como live broadcast e live stream, com sentidos diretamente relacionados a uma transmissão em tempo real, outra explicação admissível para as principais ocorrências emprestadas estaria vinculada aos usos de plataformas interativas em ambiente virtual, as quais trazem live em seus próprios nomes, a saber: Windows Live Messenger, Jogos Xbox Live, YouTube Live, Facebook Live e Instagram Live.

Dessas cinco plataformas, as redes YouTube Live, Facebook Live e Instagram Live vêm sendo muito utilizadas no Brasil e no mundo, porque são ferramentas que permitem a transmissão de vídeos em tempo real, de forma simples e rápida e de qualquer lugar, bastando um smartphone com acesso à internet. São recursos amplamente utilizados por canais de notícias, artistas, cantores e acadêmicos, bem como pela própria população em geral, que, além de querer estar a par do que acontece no mundo das celebridades, por exemplo, quer compartilhar com seu círculo social o seu próprio cotidiano.

No contexto de uso das tecnologias virtuais, pressupomos que o brasileiro, cerceado por ferramentas que trazem em si a palavra live, em vez de empregar uma tradução (transmissão ao vivo), optou pela manutenção da forma estrangeira, com a qual, de alguma forma, já estava habituado. Além disso, assumindo que os usos de live se intensificaram no Brasil durante o período de quarentena ocasionado pela pandemia da doença COVID-19, haveria uma relação entre uma enfermidade global e a difusão dessa unidade lexical em nossa língua. Vejamos, então, como live vem se incorporando ao PB, primeiramente, a partir de sua frequência de uso.

5.1. Frequência de usos de live no PB

Para observarmos a incorporação de live no PB, adotamos uma metodologia baseada na web como corpus, que não apenas indica frequência de usos, como também padrões léxico-gramaticais, além de dar pistas que ajudam a entender o funcionamento semântico do fenômeno sob análise. Em consonância com Renouf et al. (2007), quando se considera a dinamicidade a que as línguas se sujeitam, a web, enquanto corpus, é um recurso com forte potencial para a observação e a descrição de padrões linguísticos em uso em determinado período. Desse modo, recorremos a ela a partir da utilização das ferramentas: Google Trends4, Sketch Engine (Kilgarriff et al. 2014), WebCorp Live5, BootCat6, Bootstrap Corpora and Terms from the web, versão 1.21 (Zanchetta et al. 2011) e AntConc (Anthony 2012).

A fim de confirmar se houve de fato um aumento de usos de live no início da pandemia, nosso ponto de partida foi o Google Trends. Verificamos, assim, o interesse pelo vocábulo ao longo do tempo. Conforme representado na figura 1, no Brasil, ao fazermos uma pesquisa web, nos últimos cinco anos, há um pico de buscas para live entre 19 e 25 de abril de 2020.

Figura 1. Live, interesse ao longo do tempo, pesquisa web (fonte: PrintScreen da ferramenta Google Trends).

Ao refinarmos a consulta para Pesquisa do Youtube, entre fevereiro —quando confirmados os primeiros casos de COVID-19 no Brasil (Brasil 2020)— e junho de 2020, a tendência verificada na pesquisa web se mantém, com picos no final de abril e início de maio, conforme representado na figura 2:

Figura 2. Live, buscas entre fevereiro e junho de 2020 (fonte: PrintScreen da ferramenta Google Trends).

No período, o pico de live segue-se às semanas em que cantores brasileiros (Andrade 2020) fizeram as primeiras transmissões, e os espectadores brasileiros encontravam-se em quarentena. O fenômeno se popularizou e, consequentemente, a procura pelas lives dos artistas preferidos disparou na web. O Google Trends confirmou, assim, o boom da palavra live em um começo de década marcado por um fator global: a quarentena em resposta à pandemia de COVID-19. Essa ferramenta, contudo, não apresenta contextos de uso. Por isso, exploramos as demais mencionadas.

Conforme indicado pelo Google Trends, live já aparecia no PB. Na tentativa de flagrar usos anteriores ao boom, empregamos a plataforma Sketch Engine, mais especificamente, o corpus de referência Portuguese web 2011 (ptTenTen11 – variedade brasileira). Nele, foi possível examinar que o emprego de live, de fato, não é novo no PB. A frequência da palavra, enquanto substantivo, é de 23,136 ocorrências, principalmente no âmbito de jogos (Xbox Live). Contudo, não encontramos no referido corpus ocorrências mais recentes, relacionadas à pandemia de coronavírus. Nessa conjuntura, exploramos as ferramentas WebCorp Live, BootCat Bootstrap Corpora and Terms from the web e AntConc a fim de encontrá-las.

A ferramenta WebCorp Live faz uma varredura na web em tempo real e apresenta os resultados da palavra de busca em linhas de concordância. Ao pesquisarmos por live, ajustando o parâmetro de pesquisa para Bing News, em PB, e em sites brasileiros (.br), obtivemos cerca de 300 linhas, acessadas em 44 páginas da web, as quais possibilitaram o levantamento de alguns padrões léxico-gramaticais.

Para ampliar a busca, por intermédio da ferramenta BootCat, criamos um corpus a partir de uma listagem de sementes (seeds), ou seja, palavras ou multipalavras, que, combinadas, também permitem a pesquisa na web. Utilizamos como sementes, além de live, possibilidades outras, como livezinha, livaço, livão e livona, por exemplo, e combinações antes observadas no WebCorp, a exemplo de agenda de live, live inesquecível, lives quarentena etc. Obtivemos como retorno, que teve o Google como motor de busca, cerca de 264 Urls, resultando em um corpus com pouco mais de 150 mil palavras. Analisamos o corpus contando com o auxílio do programa AntConc. Nas linhas de concordância desse corpus, live, por exemplo, apareceu cerca de 850 vezes.

A aplicabilidade das ferramentas supracitadas, ao considerar a frequência como um critério que atesta o fenômeno neológico (Alves 1984), permite-nos afirmar que live é uma palavra recorrente no PB, sua incorporação à nossa língua não é tão recente, tendo aceitabilidade por nossa comunidade linguística, especialmente em ambientes virtuais. No entanto, a frequência é apenas um dos critérios a serem observados. Assim, ainda por meio do referido instrumental metodológico, fizemos um levantamento de aspectos morfossintáticos e léxico-semânticos que envolvem live e que abrem caminhos para argumentarmos acerca de seu estatuto linguístico no PB. Na próxima Subseção, discutimos tais aspectos.

5.2. Características linguístico-culturais de live no PB

Ao analisarmos as linhas de concordância de live no corpus de referência Portuguese web 2011, identificamos usos relativos a shows ao vivo, conforme uma notícia publicada em 2010 sobre o primeiro live streaming da América Latina (exemplo 9). Entretanto, mais frequentes foram as ocorrências no contexto de jogos (Xbox Live), conforme exemplos (10) e (11):

(9) A marca de cervejas Skol apresenta o YouTube Sertanejo Live, um show que será transmitido pelo YouTube ao vivo para todo o Brasil no dia 30 de novembro, em São Paulo, o primeiro live streaming da América Latina.

(10) Pessoal, acabei de pegar o Xbox 360 slim de 4GB que vem com Kinect, até ai, tudo ótimo, porém, quando vou me conectar à Live, diz que o Xbox Live não tem suporte na minha região.

(11) Pessoalmente acho que esse é o meio mais efetivo de combater a pirataria em geral —pensem bem: nossos filhos poderiam comprar um X-BOX 360 e jogar na LIVE sem a ameaça de serem bloqueados...

Em (9), live foi usada como adjetivo, acompanhando a estrutura YouTube Sertanejo, em uma referência ao recurso por meio do qual é possível realizar transmissões ao vivo no YouTube, e via streaming. Não há, assim, diferenças com relação às ocorrências encontradas em inglês, apresentadas anteriormente. Em (10) e (11), as ocorrências de live indicam um uso diferente em comparação com o exemplo (9). A unidade lexical foi empregada como substantivo de gênero feminino nesses excertos. Entendemos, portanto, que, ao ser usada com função de substantivo no PB, live sofreu uma mudança no nível morfossintático (Alves 1984, 1994), especialmente quanto à classe gramatical, ganhando, assim, um status distinto do observado em sua língua de origem.

Os padrões léxico-gramaticais levantados via Web Corp e BootCat, com ocorrências mais recentes em relação às do Portuguese web 2011, confirmam os usos de live enquanto substantivo, coocorrendo com verbos, adjetivos, substantivos e advérbios, como ilustrado no quadro 1:

verbo + live

Acompanhar, anunciar, apresentar, assistir, baixar, comandar, comentar, compartilhar, conferir, curtir, divulgar, fazer, participar de, perder, promover, realizar, transmitir uma live.

adjetivo + live

Primeira, segunda, terceira, última, próxima, nova, super, maior live.

live + adjetivo

Live beneficente, boa, comemorativa, cristã, dançante, especial, favorita, gospel, gratuita, gravada, histórica, imperdível, inesquecível, infantil, junina, nostálgica, preferida, romântica, solidária.

live + substantivo

Live do grupo X, do cantor X, do dia dos namorados, do youtube, do instagram.

substantivo + live

Agenda da, repertório da, roteiro da live.

live + advérbio

Live ao vivo, live em tempo real.

Quadro 1. Padrões léxico-gramaticais de live (fonte: elaborado pelos autores).

Para além da classe gramatical, sendo empregada majoritariamente como substantivo feminino (a live, essa live, uma live, da live, na live do), outro aspecto morfossintático considerado é o da derivação em número. Distintamente da língua inglesa, no PB, há derivação de número em live. No corpus compilado via BootCat, foram cerca de 850 ocorrências no singular e 409 ocorrências no plural, a exemplo de:

(12) Quinta-feira, 11 de junho, será um dia de muitas lives.

Chamam-nos a atenção alguns casos derivados em grau (livaço, livezinha e livezona). Já livaço (exemplo 13) segue as formações em –aço, sufixo que leva o substantivo para o masculino, como em “mulheraço” e “panelaço”, indo, assim, em direção contrária aos principais usos de live como substantivo feminino.

(13) Para acalmar os corações e ensinar como cuidar da saúde física, mental e financeira, foi ao ar o livaço —um verdadeiro panelaço de conteúdo.

(14) A Livezona de hoje discute o HYPE dos jogos mais aguardados da E3 2018! tá sozinho?

(15) quer curtir uma livezinha? só vem Meu insta...

Os padrões linguísticos explorados indiciam usos distintos da língua de origem, em que live tem função adjetiva (broadcast live, live stream, live webinar etc). No PB, avaliando o comportamento contextual da palavra de um ponto de vista léxico-semântico, podemos afirmar que já estava assumindo um caráter polissêmico quando usada em jogos (exemplos (16) e (17)).

(16) Sem dúvida a novidade mais aguardada é o lançamento da Xbox Live o Brasil, afinal desde que o Xbox 360 foi lançado no Brasil em 2006 ela prometeu lançar a Live [...]. A Xbox Live chega ao Brasil no dia 10/11, se você já têm uma conta da Live em outra região vai poder migrar para a Live Brasileira.

(17) Eu tenho uma americana q eu nem uso, só serve pra baixar coisas que nao tem na LIVE brasil, e tenho tambem a minha conta normal q eu sempre jogo q é a LIVE Brasil.  ME adicione na LIVE quando vc criar ela... 

Em (16), as expressões lançar a live e conta da live parecem se referir ao Xbox Live, sendo que o substantivo (Xbox) foi omitido por elipse. Em (17), adicionar na live parece ambíguo, não qualifica exatamente o recurso Xbox Live, mas interpreta-se como uma referência à transmissão ao vivo, ao ambiente em que ela acontece ou à competição em si mesma. Esse sentido é o que também é despertado em ocorrências anteriormente apresentadas como conectar à live e jogar a live (exemplos (10) e (11)).

Os significados de live que viralizaram no período pandêmico, em certa medida, reforçam o processo de mudança formal e semântica. Live não é recebida simplesmente como uma transmissão ao vivo, mas como um show, um espetáculo, uma apresentação ou até mesmo um encontro no mundo virtual (cf. Exemplos (18) e (19)).

(18) Pra fechar a noite tem a live do Luan Santana com um especial para os apaixonados.

(19) A live do Nando Reis começa às 21 horas.

É importante enfatizar que esses usos mais recentes não se desvinculam do contexto sociocultural em que os falantes estão inseridos, que concorrem para a emergência de novos usos ou ressignificação de outros. Nesse sentido, a motivação para a disseminação da palavra ressignificada decorre da situação de quarentena no país que levou ao surgimento de uma nova forma de comunicar e repensar o modo pelo qual artistas se apresentam para o público, não de forma presencial, mas virtualmente. Vale, no entanto, a ressalva de que o conceito brasileiro de live não se restringe à classe artística, uma vez que já se espalhou por diversas esferas – encontros virtuais para realizar reuniões empresariais, reuniões acadêmicas, pronunciamentos políticos, palestras on-line, e encontros entre amigos podem ser referidos como lives. O brasileiro, de alguma maneira, reinterpretou o sentido estrangeiro de live, dando a ele uma cara nova.

No que concerne ao critério fonético-fonológico, parece haver uma distinção na pronúncia em relação à língua inglesa, embora, em termos gráficos, tenha sido mantida a grafia da língua receptora – algo que é comum de acontecer, salvo por parte de falantes que conhecem muito bem o idioma que empresta determinada unidade lexical. No inglês, live é produzida como [laɪv]. No PB, os falantes tendem a realizar a vogal /i/ ao final da palavra [laivi]. Essa distinção tem relação, em certa medida, com a configuração silábica dessas línguas. O padrão silábico de live, que termina na consoante /v/, não é observado no PB. Pelo fato de a consoante /v/ não ocupar posição de fim de sílaba em português, o /i/ final é inserido pelo falante brasileiro para acomodar a palavra estrangeira à organização silábica canônica, CV (consoante + vogal). Nesse sentido, conforme explica Sant’anna (2008), falantes da língua portuguesa, desconhecendo a estrutura silábica do inglês, recorrem ao processo de epêntese vocálica, isto é, a inserção de uma vogal no início ou no final de uma sílaba como forma de apoio na articulação fonética (Sant’Anna 2008). Esse processo é o que acontece com live, cuja grafia, como relatado em outros estudos sobre epêntese (Nascimento 2015), também pode ser um fator interveniente, já que o /e/ final é pronunciado no PB. Nesse caso, vale a ressalva de que a produção da vogal média-alta /e/ realiza-se como a vogal alta /i/ (liv[e] > liv[i]), em razão de um processo de neutralização de átonas finais, em que há alçamento de /e/ para /i/ (Bisol 2003).

Por fim, quanto ao critério lexicográfico, não encontramos a palavra live, no sentido trabalhado neste artigo, registrada em grandes dicionários com forte tradição no Brasil, como o Houaiss (2009), o Aulete (2020) e o Ferreira (2014). Contudo, a falta desse registro pode ser explicada com base no fato de que não temos, ao contrário dos dicionários ingleses, por exemplo, uma cultura de produção de obras lexicográficas que registram rapidamente as novas palavras que surgem no PB. Assim, live, que tem uma recorrência muito recente nessa língua, dificilmente figuraria em alguma obra lexicográfica de renome neste momento. Além desse fator, a decisão em si de dicionarizar uma palavra também não está livre de críticas e subjetividade, ainda que os falantes costumem atribuir ao dicionário o poder de institucionalizar o dizer (cf. Ganança 2020).

Em contrapartida, ao verificarmos se ela se encontra registrada em algum dicionário on-line do PB, encontramo-la tanto no Dicionário online do português (2020) quanto no Dicionário inFormal (2020). O primeiro, à maneira do que defendemos, traz, em uma de suas acepções, o registro de live como um substantivo que nomeia um evento, um show ou acontecimentos afins transmitidos on-line. Entretanto, o gênero registrado foi o masculino, contrariando os seus próprios exemplos e o que é comumente empregado pelos brasileiros na internet, conforme atestado em corpora. Há ainda nesse dicionário um reconhecimento de que live deriva da língua inglesa. O segundo dicionário traz uma definição distinta, que diz respeito a gravações ao vivo, por exemplo de CDs e espetáculos, na presença de um público e não em um estúdio, não tendo, assim, relação com o contexto virtual. Apesar de registrarem a palavra live, cumpre dizer que esses dicionários não seguem um padrão metodológico de registro de palavras e de elaboração de suas definições. Por essa razão, também são passíveis de questionamentos.

6. Considerações finais

Com base nas análises empreendidas, verificamos que, dos critérios necessários para se verificar se determinada unidade lexical é um neologismo por empréstimo, live atende a todos, uma vez que sofreu adaptações morfossintáticas, sobretudo no que diz respeito à mudança de classe gramatical (de adjetivo para substantivo feminino; passou a ter flexão de gênero e número); adquiriu um sentido polissêmico no PB, revelando, dessa forma, alterações no nível semântico (não se trata de uma simples transmissão ao vivo mas do evento em si); passou por um processo de adaptação ao sistema fonético-fonológico do PB, apesar de ter mantido sua forma escrita alógena; é, de fato, bastante recorrente na língua receptora, o que demonstra sua aceitabilidade; e, por fim, aparece registrada em dicionários on-line. De nossa perspectiva, pode ser considerada, portanto, um neologismo por empréstimo. No entanto, caberá ao tempo nos dizer se a palavra realmente criará raízes profundas na cultura brasileira e se se institucionalizará em nossa memória coletiva e na das gerações que estão por vir.

À guisa de conclusão, cabe reiterar que live passou a ser utilizada no PB por influência da internet e, principalmente, das redes sociais. Ademais, seu emprego aumentou significativamente como consequência da quarentena causada pela pandemia e seu sentido também sofreu alterações em decorrência desse acontecimento. Assim sendo, a hipótese de que há uma relação entre a globalização, a internet e a pandemia de COVID-19, favorecendo o intercâmbio cultural por meio do léxico, parece se confirmar. Estudos em outras línguas, inclusive em relação à palavra live, podem ser realizados também com o intuito de mostrar como a convergência da globalização, do mundo virtual e de problemas de ordem social concorrem para a renovação lexical das línguas.

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1 Cientes das diferentes concepções em torno do que seria palavra, unidade lexical e vocábulo, por exemplo, neste artigo, adotamos palavra, unidade lexical e vocábulo sem distinção.

2 A doença respiratória de COVID-19, causada pelo novo coronavírus, teve seu primeiro registro de contaminação em Wuhan, na China, no final de 2019. Nos meses subsequentes, tornou-se uma doença pandêmica, causando milhões de óbitos. Uma das formas de contenção da doença foi adoção do lockdown pelas instituições governamentais a fim de restringir a circulação de pessoas nas cidades e, com isso, reduzir os índices de contaminação pelo vírus.

3 Léxico pode ser concebido como o “conjunto de todas as palavras da língua, as que são possíveis tendo em conta as regras e os processos de construção de palavras” (Correia 2011, 227).

4 Google Trends. Disponível em https://trends.google.com.br/trends/?geo=BR. Acesso em 12 de junho de 2020.

5 WebCorp Live. Disponível em http://www.webcorp.org.uk/live/index.jsp. Acesso em 12 de junho de 2020.

6 BootCat. Disponível em https://bootcat.dipintra.it/?section=download. Acesso em 12 de junho de 2020.