A territorialização política e as Forças do Céu: reconfiguração eleitoral na Argentina em 2023

Resumo

Em 2023, os resultados do processo eleitoral na Argentina desencadearam uma reconfiguração do esquema competitivo eleitoral de tipo bicoalicional, que havia permanecido relativamente estável desde 2015. Embora essa transformação tenha afetado tanto as arenas competitivas nacionais quanto subnacionais, este estudo concentra-se na geografia eleitoral da eleição presidencial no primeiro turno. Nesse sentido, a configuração geográfica tradicional do voto em nível nacional contradiz alguns dos pressupostos da teoria da nacionalização política, que prevê um cenário competitivo relativamente homogêneo para as diversas coalizões políticas em qualquer esfera subnacional. Em contraste, na Argentina consolidaram-se dois marcos regionais significativamente diferenciados: uma região central, caracterizada por uma dinâmica competitiva equilibrada entre as principais forças políticas, e uma região mais periférica, localizada principalmente no norte do país, amplamente hegemonizada pelas facções territoriais do peronismo. Esses cenários, marcados por padrões regionais diferenciados do comportamento eleitoral, foram parcialmente alterados com a irrupção da candidatura de Javier Milei, modificando assim a configuração da territorialização do voto. Como resultado, as coalizões tradicionais retraíram-se para seus redutos, enquanto La Libertad Avanza (LLA) expandiu-se sobre marcos regionais do voto previamente vinculados às forças políticas preexistentes.