Escuta e interpretação: um modelo semiótico peirceano para a análise da escuta

Resumo

Neste artigo proponho uma análise dos modos de escuta ancorados na semiótica de Charles S. Peirce e avalio a comensurabilidade desse modelo com duas abordagens recentes do mesmo problema (Santaella, 2017; Tuuri e Eerola, 2012). O modelo operacional do nonagon semiótico (Guerri et al., 2016; Guerri, 2020) me permite descrever nove modos de escuta e explicar suas relações lógicas na forma de um diagrama. O modelo é aqui adotado a partir de uma abordagem pessoal, na qual proponho incorporar os desenvolvimentos tardios de Peirce sobre sua noção de interpretante e os universos da existência (Jappy, 2017). O caráter diagramático do não-ágono semiótico enfatiza o aspecto processual da semiose, evitando o caráter estático das propostas taxonômicas. O modelo de escuta resultante tem sido utilizado para tarefas de análise de produções artísticas em contextos de ensino universitário (Llobet Vallejos et al., 2021) e para o desenvolvimento de propostas curatoriais que partem da apropriação artística de materiais de arquivo (Álvarez et al., 2021). Ao mesmo tempo, a abordagem pessoal do não-ágono semiótico de onde parte sugere novas linhas teóricas de pesquisa sobre as aplicações dessa metodologia e suas bases na semiótica peirceana.