Hoje tem live: intercâmbio lexical disseminado pela internet no português brasileiro

Palavras-chave: Internet, Live, Estrangeirismo, Neologismo

Resumo

É notório de que a palavra live, de origem inglesa, vem sendo empregada no português brasileiro (PB). Partindo dessa afirmação, objetivamos, neste artigo, verificar se essa unidade lexical tem assumido significados e usos distintos da língua originária, em especial durante o período em que os brasileiros ficaram confinados em razão da quarentena, decorrente da pandemia de covid-19. Nesse sentido, buscamos investigá-los, orientando-nos pelas seguintes questões: (i) como a palavra live vem sendo incorporada no PB de um ponto de vista linguístico-cultural? (ii) trata-se de um estrangeirismo ou já é possível considerá-la um neologismo por empréstimo? Para responder a essas questões, apoiamo-nos em pressupostos teóricos dos estudos lexicais sobre neologismos e estrangeirismos, bem como em algumas considerações sobre o intercâmbio linguístico-cultural no contexto virtual. Adotamos, ainda, uma metodologia baseada na web como corpus para conduzirmos e sustentarmos nossas análises.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jean Michel Pimentel Rocha, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Professor EBTT do IFMS, câmpus Coxim. Doutor (2020) e Mestre (2017) em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UNESP/Ibilce. Graduado em Letras (Português/Inglês - 2014 e Português/Francês - 2020) também pela UNESP/Ibilce. Realizou, entre outubro de 2019 e março de 2020, estágio de doutorado sanduíche na University of East Anglia (Norwich, Reino Unido), no âmbito do programa Capes/PrInt. Desenvolve pesquisas na área de Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada, em trabalhos que envolvem Linguística de Corpus, Fraseologia (fraseologismos metafóricos, colocações, colocações especializadas e estendidas) e Ensino de Inglês como LE. Em 2017, atuou, na UNESP/Ibilce, como docente de Fundamentos de Linguística (Estágio Supervisionado em Docência, no Departamento de Estudos Linguísticos e Literários - DELL), no curso de Licenciatura em Letras.
Ieda Maria Alves, Universidade de São Paulo (USP)
Possui graduação em Letras (Português-Francês) pela Universidade Católica de Santos, Mestrado em Lettres Modernes pela Académie de Lettres de Besançon (Besançon, França), Doutorado em Linguistique pela Université Paris 3 - Sorbonne-Nouvelle (Paris, França), Livre-docência pela Universidade de São Paulo. Realizou estágios de Pós-doutorado na Université Paris 3 - Sorbonne Nouvelle (França), na Université Paris 7 - Denis Diderot (França), na Université Paris 13 - Villetaneuse (França), no Institut de la Langue Française (Nancy e Centre de Terminologie et de Néologie, Paris), na Université Laval (Québec, Canadá). Atuou como professora-doutora junto à Universidade Estadual Paulista (UNESP), campi de Marília e Assis, de 08-1976 a 12-1989. Em 01-1990, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, na qual passou a exercer as funções de professora titular a partir de 12-2006. Foi presidenta do Comitê Executivo da Rede Ibero-americana de Terminologia de 11-2000 a 11-2002, coordenadora do GT de Lexicologia, Lexicografia e Terminologia da ANPOLL de 06-2002 a 06-2004 e presidenta do Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo de 07-2011 a 07-2013. Desde 18-01-2021, em semestre sabático junto ao IEA (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo), para o desenvolvimento do Projeto "Estudo e divulgação da terminologia da Covid-19". Tem experiência na área de Linguística, com ênfase nos estudos do Léxico, atuando principalmente nos seguintes temas: Neologia, Morfologia, Lexicologia,Terminologia e Lexicografia.

Referências

Alves, Ieda Maria. 1984. “A integração dos neologismos por empréstimo ao léxico português”. Alfa, São Paulo, 28: 19-126.
Alves, Ieda Maria. 1994. Neologismo. Criação lexical. 2. ed. São Paulo: Ática.
Andrade, Vinícius. 2020. Ranking de lives. UOL, 24 de abril. Data de consulta, 12 de junho de 2020.
Anthony, Laurence. AntConc (Version 3.5.8) [Windows]. Tokyo, Japan: Waseda University. Data de consulta, 14 de julho de 2020.
Barbosa, Maria Aparecida. 1989. Léxico, produção e criatividade: processos do neologismo. 2.ed. São Paulo: Global.
Brasil. Brasil confirma primeiro caso da doença. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020. Data de consulta, 14 de julho de 2020.
Bisol, Leda. 2003. “A neutralização das átonas”. Revista Letras, Curitiba, 61: 273-283.
Cambridge English Dictionary. Cambridge University Press 2020. Data de consulta, 20 de julho de 2020.
Carvalho, Nelly. 2009. Empréstimos linguísticos na língua portuguesa. São Paulo: Cortez.
Correia, Margarita. 2011. Produtividade lexical e ensino da língua. Em Valente, André C.; Pereira, Maria Teresa Gonçalves. (Org.). Língua portuguesa: descrição e ensino. São Paulo: Parábola. 223-238.
Curti, Beatriz; Rocha, Jean Michel Pimentel; Alves, Flávia Cambi. 2017. “O uso de selfie: a internet viralizando o empréstimo em três línguas”. REVISTA GTLex, 2: 115-140. doi: https://doi.org/10.14393/Lex3-v2n1a2016-5
Deroy, Louis. 1956. L’emprunt linguistique. Paris: Les Belles-Lettres.
Dicionário Informal. Data de consulta, 16 de julho de 2020.
Dicionário online de português. Data de consulta, 16 de julho de 2020.
Faraco, Carlos. Alberto. 2009. Linguagem & Diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola.
Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. 2014. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Paraná: Editora Positivo.
Galli, Fernanda Correa Silveira. 2004. Linguagem da Internet: um meio de comunicação global. Em Marcuschi, Luis Antonio e Xavier, Antônio Carlos. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro-RJ: Lucerna, 120-134.
Ganança, João Henrique. 2020. “Neologia e neologismos no português brasileiro”. Revista GTLex, 4 (1): 33-53. doi: https://doi.org/10.14393/Lex7-v4n1a2018-2
Garcez, Pedro M. e Zilles, Ana Maria S. 2004. Estrangeirismos: empréstimo ou ameaça?. Em Faraco, Carlos Alberto (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola Editorial.
Giacomini Botta, Mariana. 2020. “Os usos do neologismo spoiler no português brasileiro”. Revista GTLex, 4(1): 98-125.doi: https://doi.org/10.14393/Lex7-v4n1a2018-6
Houaiss, Antônio. 2009. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa: versão 3.0.1. Rio de Janeiro: Objetiva. 1 CD-ROM
Ilari, Rodolfo. 2003. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. São Paulo: Contexto.
Kilgarriff, Adam; Baisa, Vít; Bušta, Jan; Jakubíček, Miloš; Kovář, Vojtěch; Michelfeit, Jan; Rychlý, Pavel; Suchomel, Vít. 2014. “The sketch engine: ten years on”. Lexicography: Journal of ASIALEX, 1(1): 7-36. doi: https://doi.org/10.1007/s40607-014-0009-9
Lawson, Robert. 2020. “Coronavirus has led to an explosion of new words and phrases”. The Conversation, 28 de abril. Data de consulta, 3 de julho de 2020.
Lemos, André. 2003. Cibercultura: alguns pontos para compreender a nossa época. Em Lemos, André; Cunha, Paulo. (Org.). Olhares sobre a cibercultura. Porto Alegre: Sulina.
Macmillan Dictionary. Macmillan Education Limited 2009–2020. Data de consulta, 20 de julho de 2020.
Molinari, Milena de Paula; Demarque, Estela; Silva, Maria Cristina Parreira da. 2019. “A unidade lexical crush e seus usos: inglês, português do Brasil e francês”. Acta Scientiarum (UEM), 41: 1-10. Data de consulta, 20 de julho 2020.
Nascimento, Geisibel Cristina Andrade. 2015. “Epêntese vocálica em encontros consonantais por falantes brasileiros de inglês como língua estrangeira”. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista. Data de consulta, 20 de julho de 2020.
Oliveira, Sebastião. 2020. Pandemia da Covid-19 introduz novas palavras no léxico amazonense. UFAM, 14 de maio. Data de consulta, 3 de julho de 2020.
Renouf, Antoinette; Kehoe, Andrew; Banerjee, Jayeeta. 2007. WebCorp: an integrated system for web text search. Em Hundt, Marianne; Nesselhauf, Nadja; Biewer, Carolin. (org.). Corpus Linguistics and the Web. Amsterdam: Rodopi.
Ro, Christine. 2020. From ‘covidiots’ to ‘quarantine and chill’. BBC, 24 de maio. Data de consulta, 3 de julho de 2020.
Sant’Anna, Magali Rosa de. 2008. A pronúncia das consoantes inglesas em final de vocábulo por falantes brasileiros. 254 f. Tese de doutorado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
Saussure, Ferdinand. 2012 [1916]. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix.
Stok, Victor. 2020. “Pandemia do coronavírus traz à tona novas palavras”. Diário da Região, 14 de maio. Data de consulta, 3 de julho de 2020.
Torrano, Sandra Delneri Petean. 2010. “Produtividade e criatividade do léxico: os neologismos na área da informática”. Dissertação de Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
Zanchetta, Eros, Baroni, Marco e Bernardini, Silvia. 2011. Corpora for the masses: the BootCaT front-end. Em Corpus Linguistics 2011 Conference, Birmingham. Abstracts. Birmingham: University of Birmingham, 2011.
Publicado
2022-10-13
Como Citar
Curti-Contessoto, B., Pimentel Rocha, J. M., & Alves, I. M. (2022). Hoje tem live: intercâmbio lexical disseminado pela internet no português brasileiro. Signo Y seña, (41). https://doi.org/10.34096/sys.n41.10193
Seção
Artículos