Germanófilos brasileiros durante a Primeira Guerra Mundial: uma análise preliminar

Palavras-chave: Primeira Guerra Mundial, guerra global, intelectuais, intelectuais brasileiros, germanófilos

Resumo

No Brasil, expressar favoritismo pelos Aliados era a tônica comum entre a intelectualidade do país durante os anos da Primeira Guerra. Ainda assim, homens de letras brasileiros, de forma individual ou organizados coletivamente, quebraram a regra para publicamente demonstrarem suas simpatias à Alemanha ao longo daquele quadriênio. Debruçando-se sobre um assunto ainda pouco analisado, o presente artigo tem por objetivos: mapear de maneira preliminar quem eram esses sujeitos enquadrados como germanófilos no Brasil, e seus prováveis apoiadores; quais eram suas formas de atuação e motivações, e quais discursos construíram sobre a guerra. Através da análise de textos publicados sobretudo na imprensa da então capital federal, o Rio de Janeiro, entende-se que um dos principais intentos desses intelectuais era promover a defesa das expressões culturais da Alemanha contra os ataques dos aliadófilos brasileiros nos jornais do período. Dessa maneira, pretende-se contribuir para a recente historiografia acerca do centenário conflito, que traz a atuação dos intelectuais como primordial para a mobilização e a criação de representação em torno da conflagração. Da mesma forma, busca-se trazer novos elementos para a construção da Primeira Guerra como um conflito global, que atingiu tanto os que se encontravam em solo beligerante, quanto os que estavam a léguas de distância do front.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Livia Claro, Investigadora Independiente, Brasil
Livia Claro é Mestre em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é doutoranda em história social no Programa de Pós-Graduação em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com projeto pesquisa acerca dos intelectuais germanófilos brasileiros durante a Primeira Guerra Mundial. Suas áreas de investigação são: Primeira Guerra Mundial, história social e cultura da guerra; história política; história dos intelectuais. É autora do livro Intelectuais nas Trincheiras, publicado pela editora Appris, em 2019.

Referências

DE ABRANCHES, D. (1916). Ainda a Black List 1916. Imprensa Nacional.

DE ALMEIDA, J. A. (1915). Em torno de um artigo do Sr. Fernào Brasil. A Tribuna. 22/07/1915.

BECKER, A. (2015). The Great War: World War, total war. International Review of the Red Cross, n. 97.

BOMÍLCAR, A. y de OLIVEIRA, L. (1990). A questão nacional na Primeira República. Brasiliense.

CLARO PIRES, L. (2014). Intelectuais nas trincheiras. Appris.

COELHO CINTRA, M. (1915). A liga pró-aliados e a germanofobia brasileira. A Tribuna, 25/08/1915.

Coisas da Guerra. 20/11/1915. GAZETA DO COMMÉRCIO.

COMPAGNON, O. (2014). O adeus à Europa. Rocco.

DEMOOR, M., POSMAN, S. e VAN DJICK (ed.). (2017). The intellectual response to the First World War. Sussex Academic Press, 2017.

GÉRTZ, R. (1998). Germanismo. GÉRTZ, R. O perigo alemão. Ed. Universidade/UFRGS.

HASSLOCHER, P. G. (1914). Sr. Dr. José Veríssimo. Jornal do Commércio. 15/10/1914.

HORNE, J. (2002). Introduction: mobilizing for ‘total war. HORNE, J. (ed.). State, society and mobilization in Europe during the First World War, Cambridge University Press.

KNOLES, G. (1968). American Intellectuals and World War I. The Pacific Northwest Quarterly, n. 4.

Liga Brasileira Pró-Germânia. 09/05/1916. JORNAL DO BRASIL.

Liga Brasileira Pró-Germânia. 10/07/1915. JORNAL DO COMMÉRCIO.

MUÑOZ, P. (2015). À Luz Do Biológico: Psiquiatria, Neurologia E Eugenia Nas Relações Brasil-Alemanha (1900-1942. Tese de doutorado apresentada à Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Inédita.

OBERACKER, C. (1988). Os intelectuais brasileiros e a cultura alemã. 1890-1930. Jahrbuch für die Geschichte von Staat, Wirtschaft und Gesellschaft Lateinamerikas, n. 25.

PROCHASSON, C. (2012). Intellectuals and Writers. HORNE, J. (ed.), A Companion to World War I, Wiley-Blackwell.

QUESADA RIVERA, E. (2015). Defendemos a Alemania con el mismo derecho que La Información lo hace con los Aliados: germanofilia durante la Gran Guerra (1914-1918). Revista Reflexiones, n. 1.

RASMUSSEN, A. (2014). Mobilising minds. WINTER, J. (ed.), The Cambridge History of the First World War, v. 3, Cambridge University Press.

RINKE, S. (2017). Neutrality under pressure, 1914-1917. Latin America and the First World War. Cambridge University Press.

RUSS, R. (2019). Persuasive identities: German propaganda in Chile and Argentina during the First World War?. National Identities, n.20.

SA PEREIRA, V. (1915). Tobias Barreto e o germanismo. Jornal do Commércio, 02/05/1915.

STRACHAN, H. (2010). The First World War as a Global War. First World War Studies vol. 1.

TATO, M.I. e GOEBEL, M. (2015). Making sense of the war (Latin America). 1914-1918 Online International Encyclopedia of the First World War, https://encyclopedia.1914-1918-online.net/article/making_sense_of_the_war_latin_america.

TATO, M. I. (2017). Fighting for a lost cause? The germanophile newspaper La Unión in neutral Argentina, 1914-1918. War in History, https://doi.org/10.1177/0968344516682043

TATO, M.I., (2018). Fighting the war from the periphery: Latin America and WWI. Palestra proferida no congresso Tempos de Violência. Fundação Casa de Rui Barbosa, RJ, 20 junho.

TATO, M.I. (2016). The Latin American intellectual field in the face of the First World War: an initial approach. Pla, X., Fuentes, M. y Montero, F. (eds.). A Civil War of Words. The cultural impact of the Great War in Catalonia, Spain, Europe and a glance to Latin America. Peter Lang AG, Internationaler Verlag der Wissenschaften.

WINTER, J. (2014). General introduction. Winter, J. (ed.). The Cambridge History of First World War volume I Global War. Cambridge University Press.

WOHL, R. (1979). The generation of 1914. Harvard University Press.

Publicado
2021-12-28
Como Citar
Claro, L. (2021). Germanófilos brasileiros durante a Primeira Guerra Mundial: uma análise preliminar. Historia & Guerra, (1), 23-43. https://doi.org/10.34096/hyg.n1.10989
Seção
Artigos